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Turquia/Migrantes

Conheça a história da família do menino sírio Aylan Kurdi

A morte do menino Aylan Kurdi, encontrado morto no litoral da Turquia após o naufrágio de um barco que se dirigia à Grécia, expõe a trajetória dramática de uma família que passou os últimos quatro anos tentando fugir do horror na Síria. Aylan e seus familiares mortos na tragédia serão enterrados em Kobane, cidade de origem da família. Pai disse que filhos "escorregaram de suas mãos."  

Aylan Kurdi em uma foto de família.
Aylan Kurdi em uma foto de família. REUTERS/Kurdi family/Handout via Reuters
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Os corpos de Aylan, três anos, seu irmão Ghaleb, de cinco, e da mãe deles, Riahnna, de 27, todos mortos no naufrágio, foram encontrados no litoral de Bodrum e transportados para um hospital da cidade turca. De lá, serão repatriados para a Síria para serem enterrados em Kobane nas próximas 48 horas, de acordo com informações de Mustefa Ebdi, jornalista que trabalha na cidade. Ele conseguiu conversar com um amigo da família que acolheu o pai dos meninos, Abdallah, que sobreviveu à tragédia.

O jornalista tentou falar com o pai, mas "ele não conseguiu falar porque não parava de chorar." Em entrevista à agência de imprensa Dogan, Abdallah disse que seus filhos "escorregaram de suas mãos" no momento que o barco virou.

"Nós tínhamos colete salva-vidas, mas o barco virou rapidamente porque as pessoas se levantaram. Eu estava de mãos dadas com minha mulher, mas meus filhos escorregaram das minhas mãos", contou.

"Era de noite e todo mundo começou a gritar. Por isso, minha mulher e meus filhos não puderam ouvir minha voz. Eu tentei nadar até o litoral graças às luzes, mas não pude encontrar minha mulher e meus filhos em terra", revelou. "Fui ao hospital e lá fiquei sabendo da má notícia", disse.

Trajetória de fuga

A família é de Kobane, cidade na fronteira entre Síria e Turquia, mas se mudou para Damasco quando o país entrou em uma espiral de violência, a partir de 2011.

No ano seguinte, a família teria seguido para Alepo, segunda maior cidade do país. Quando os combates se tornaram intensos, eles voltaram a Kobane, reduto dos curdos.

Quando os jihadistas do grupo Estado Islâmico lançaram um grande ataque sobre a cidade, em 2014, encontraram uma grande resistência dos curdos. Segundo Ebdi, a família então decidiu atravessar a fronteira para se instalar na Turquia. Quando os radicais islâmicos perderam o controle de Kobane, ela voltou à cidade com a esperança de que a situação estivesse mais tranquila.

Em junho, depois de uma nova ofensiva dos jihadistas contra Kobane, que deixaram mais de 200 mortos entre os civis, os Kurdi tentaram partir para o Canadá. A tia deles, instalada no país, declarou ao diário Otawwa Citizen que o pedido do estatuto de refugiado foi recusado pelas autoridades canadenses.

A família decidiu então tentar a sorte na Europa, assim como outros milhares de sírios. "Eles emprestaram dinheiro de um conhecido para tentar uma vida melhor", contou o jornalista Ebdi.

A estada em Bodrum durou um mês até conseguirem embarcar em uma pequena embarcação rumo à ilha grega de Kos, porta de entrada para muitos refugiados. O barco naufragou, matando ao menos 12 pessoas a bordo, de acordo com a guarda costeira turca.

As fotos do corpo do menino Aylan, com o rosto virado para a areia, rapidamente invadiram as redes sociais com o hashtag #KiyiyaVuranInsanlik (#ahumaniadefracassou, em turco). As imagens provocaram uma onda de comoção mundial e levaram muitos políticos a pedirem urgência na resposta à crise.

 

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