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Turquia/Terrorismo

Em clima de guerra, Turquia convoca Parlamento para sessão de emergência

O tema da reunião será a "guerra contra o terrorismo", comprada pelo governo ao mesmo tempo contra o grupo Estado Islâmico e os rebeldes curdos, o que levanta suspeitas da oposição sobre as verdadeiras intenções do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

Vista interna do parlamento turco.
Vista interna do parlamento turco. Pete Suza/Wikimedia.org
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Na madrugada desta quarta-feira (29), o exército turco lançou uma dupla ofensiva contra grupos armados curdos no norte do Iraque, no sudeste da Síria e dentro da própria Turquia.

O anúncio dos ataques foi feito pelo gabinete do primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, em um  comunicado que indicava seis posições do PKK atingidas pelo exército. De acordo com o texto, foram destruídos "refúgios, depósitos, bases logísticas e covas usadas pelo PKK".

Caças F-16 turcos realizam ofensivas diárias contra posições do partido curdo desde a última sexta-feira (24), no âmbito da "guerra contra o terrorismo", lançada pelo presidente Recep Tayyip Erdogan após o atentado de 20 de julho em Suruc, perto da fronteira síria, que deixou 32 mortos - a maioria, jovens militantes curdos que se preparavam para levar ajuda humanitária à cidade de Kobane.

Este atentado, atribuído ao grupo Estado Islâmico, motivou ataques fatais da guerrilha curda contra as forças de segurança turcas. Os curdos acusam Ancara de complacência com os jihadistas. O exército turco também bombardeou, depois do ataque em Suruc, posições do grupo EI na Síria, mas, nos últimos dias, nenhum outro ataque contra os jihadistas foi registrado.

Erdogan declara guerra à oposição

Ontem, Erdogan chegou a falar que o processo de paz com os curdos estava suspenso. Diante do Parlamento, o chefe do Partido Democrático dos Povos (HDP), Selahettin Demirtas, reagiu e explicou que o processo já estava bloqueado há dois anos pelo próprio Erdogan. Ele disse ainda que, no momento em que o líder histórico do PKK, Abdullah Öcalan, estava pronto para lançar uma chamada ao desarmamento, no fim
de abril deste ano, Erdogan acabou com as negociações e colocou Öcalan em absoluto isolamento.

Demirtas falou detalhadamente com seus 80 deputados sobre as razões pelas quais as negociações entre Ancara e o PKK não avançam. A intervenção foi censurada pela televisão turca, que normalmente transmite ao vivo os discursos no Parlamento.

De acordo com o correspondente da RFI em Istambul, Jérôme Bastion,  essa pode ter sido a última intervenção de Demirtas no Parlamento turco já que o HDP, partido de oposição que chegou à casa depois do
pleito de 7 de junho, corre o risco de ser proibido pela Justiça turca. Isso porque Erdogan pretende suspender a imunidade dos parlamentares que tenham qualquer ligação como o que ele considera "organizações terroristas". O PKK é um desses grupos, assim como o YPG, que enfrenta o grupo Estado Islâmico no Iraque.

Nas últimas eleições legislativas, o HDP jogou um balde de água fria no projeto de poder de Recep Erdogan. Ele pretendia outorgar maiores poderes ao presidente da República - hoje o poder de fato é exercido pelo primeiro-ministro - e precisaria de maioria no Parlamento. Os 13% de votos obtidos por esse partido pró-curdo foram justamente o que impediu o presidente de obter a maioria.
 

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