Governo alemão teria colaborado com espionagem da NSA no país
O jornal alemão Bild denunciou nesta segunda-feira (28) que a chanceler alemã Angela Merkel sabia desde 2008 que os Estados Unidos espionavam empresas europeias. A contrariedade demonstrada pelo governo alemão, no ano passado, quando Edward Snowden revelou a espionagem norte-americana, não teria passado de jogo de cena para a opinião pública.
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O Bild teve acesso a documentos do Serviço de Informação do governo alemão, o BND, que comprovariam que a Agência Nacional de Segurança americana (NSA) espionou empresas europeias em parceria com a própria BND, utilizando instalações alemãs na Bavária.
A NSA teria tido acesso a números de telefone e endereços de email da European Aeronautic Defense and Space Company (EADS), antigo grupo proprietário da Airbus. Os norte-americanos também teriam fornecido uma lista de 800 mil endereços IPs para serem monitorados pela própria BND. Dois documentos demonstrariam que o BND avisou a chancelaria alemã duas vezes sobre as atividades da NSA, em 2008 e 2010.
Governo alemão ignorou
Segundo uma fonte do comitê alemão na agência de espionagem americana, Berlim decidiu fechar os olhos e manter silêncio sobre as operações para evitar prejudicar a cooperação com Washington e com a própria NSA.
Parlamentares alemães disseram que está claro que o BND atuou fora da lei. Restaria agora saber se teria contado com a conivência do governo. “Está praticamente confirmado que o BND mentiu para nós. É óbvio que, se este trabalho foi conduzido com a conivência do escritório da chanceler, a lei alemã foi violada”, disse Hans-Christian Stroebele, membro do parlamento.
Esta não é a primeira acusação da imprensa alemã sobre o tema. Na semana passada, a revista semanal Spiegel também afirmou que a Alemanha ajudou a NSA em seu trabalho de espionagem por anos.
Em 2013, Edward Snowden, antigo funcionário da NSA, denunciou que Washington estaria coordenando uma espionagem massiva na internet e nos telefones de “países amigos e seus líderes”, incluindo a Alemanha. A revelação irritou a chanceler Angela Merkel, que teria tido a privacidade seu próprio telefone celular violada.
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