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Iraque

Com apoio dos EUA, Iraque se prepara para recuperar território

Forças federais e curdas do Iraque se preparam para recuperar o território perdido para os jihadistas, conforme os bombardeios americanos vão abrindo caminho. A decisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de enviar aviões de combate ao Iraque, três anos após ter se retirado do país, pode representar uma inversão de forças no conflito que já dura dois meses.

Tropas peshmerga curdas combatendo o Estado Islâmico
Tropas peshmerga curdas combatendo o Estado Islâmico REUTERS/Azad Lashkari
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Neste sábado (9), Obama disse que outros ataques poderão ocorrer, se houver necessidade. "Autorizei ataques aéreos direcionados para ajudar as forças iraquianas a romper o cerco a salvar as famílias Yazidis". Obama justificou os ataques, na quinta-feira (7), pela necessidade de evitar um genocídio contra a comunidade Yazidi de Sinjar. Milhares de Yazidis, uma minoria que fala a língua curda e segue uma antiga fé baseada no Zoroastrismo, abandonaram suas casas há uma semana quando jihadistas atacaram a cidade de Sinjar. Muitos deles estavam desde então isolados nas montanhas da região, sem comida ou água e sob altas temperaturas.

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Entenda quem são os jihadistas

Obama disse ainda que os EUA "não podem e não devem intervir toda vez que há uma crise no mundo", mas que "quando há uma situação como a desta montanha, em que inúmeros inocentes correm o risco de ser massacrados, e que nós temos capacidade de ajudar a impedir, os EUA não podem desviar o olhar."

Forças federais e curdas na mesma trincheira

Após o primeiro dia de ataques aéreos americanos sobre os combatentes do Estado Islâmico (EI), um oficial da região, Fuad Hussein, disse que chegou o momento para um contra-ataque. “Seguindo os ataques dos Estados Unidos, os peshmerga (combatentes curdos) vão se reagrupar, depois se reposicionar nas áreas de onde se retiraram e, por fim, ajudar os que foram expulsos a voltar para suas casas”, afirmou Hussein, na sexta-feira (8), em Arbil, a capital dos curdos.

O chanceler iraquiano, Hoshyar Zebari, disse que a falta de apoio do país para armar os peshmerga curdos desde o início foi um erro que custou caro. Ele também disse que os ataques americanos acabaram com a degradação na região e permitiram a união das autoridades federais e curdas pela causa comum de derrotar os jihadistas do EI.

“O exército iraquiano e os peshmerga agora estão lutando lado a lado na mesma trincheira”, disse Zebari. O chefe militar do Iraque, Babaker Zebari, disse que conselheiros americanos, peshmerga e agentes federais escolheram os alvos conjuntamente na sexta-feira. O primeiro ataque destruiu posições do EI e pelo menos um comboio de veículos carregando militantes para o oeste de Arbil.

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Um porta-voz da Casa Branca afirmou que os ataques seriam “bastante limitados na abrangência”, mas Zebari disse esperar que o apoio americano se estenda para outras áreas. Para ele, a intervenção permitiria uma ação conjunta para recuperar grandes áreas perdidas para os extremistas sunitas desde que estes lançaram sua ofensiva, em 9 de junho, há exatos dois meses.

O Pentágono disse na sexta-feira que aviões de carga escoltados por jatos de combate jogaram comida e água para “milhares de civis iraquianos” ameaçados pelos jihadistas no Monte Sinjar.

Cidade cristã esvaziada

Milhares de pessoas fugiram para a Turquia ou Síria, depois de caminhar por dias. Grupos de resgate e ajuda Yazidis dizem que muitos continuam presos e precisando de assistência. “Eles sofreram desidratação, insolação e muitos estão seriamente traumatizados” disse Suzanna Tkalec, diretora do Comitê Internacional de Resgate, que está ajudando 4 mil sobreviventes que chegaram à Síria.

Ela disse que a última sequência de ataques do Estado Islâmico no norte do Iraque desencadeou um fluxo de 200 mil refugiados para o oeste de Dohuk, província do Curdistão. A grande escala dos deslocamentos nos últimos dois meses sobrecarregou a região autônoma, que já tem cerca de 5 milhões de habitantes.

Somente na quinta-feira, cerca de 100 mil cristãos iraquianos abandonaram suas casas nas planície de Nineveh, oeste de uma das centrais jihadistas, a cidade de Mosul. Líderes católicos disseram que a maior cidade cristã do pais, Qaraqosh, foi esvaziada em questão de horas.
 

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