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Malásia/Avião

Buscas por destroços do Boeing da Malaysia Airlines suspensas por causa do mau tempo

O mau tempo no Oceano Índico impediu nesta terça-feira (25) o resgate dos destroços do Boeing da Malaysia Airlines localizados a 2.500 km da costa da Austrália. A demora na obtenção das provas da queda do avião desespera familiares das vítimas. Especialistas afirmam ser pouco provável saber o que aconteceu com o voo MH370 que matou 239 pessoas.

Aviões e navios intensificavam a busca pelo voo MH370 da Malaysia Airlines no sul do Oceano Índico
Aviões e navios intensificavam a busca pelo voo MH370 da Malaysia Airlines no sul do Oceano Índico REUTERS/Australian Defence Force/Handout via Reuters
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Com colaboração de Luciana Fraguas, correspondente em Melbourne,

As buscas aos destroços do Boeing 777 da Malaysia Airlines foram interrompidas hoje devido ao mau tempo. As chuvas, ventos e baixa visibilidade forçaram os aviões militares mais avançados do mundo a ficarem estacionados na base militar da cidade de Perth, no oeste da Austrália.

O primeiro ministro australiano, Tony Abbott, disse que a fase de buscas acabou e que agora a operação é de resgate dos destroços e de investigação das causas que levaram o avião a cair. Ele anunciou que o governo vai conceder vistos a todos os familiares das vítimas que quiserem vir a Austrália.

O ministro da defesa da Austrália, David Johnson, disse que apesar de estar confiante de que o avião caiu no Oceano Índico, nenhuma parte da aeronave foi ainda recuperada. Todas as atenções estão agora voltadas para as caixas pretas do avião que ainda podem emitir sinais por mais 13 dias antes de parar de funcionar.

Revolta dos familiares

Familiares dos passageiros chineses protestaram nesta terça-feira na embaixada da Malásia em Pequim. Eles exigem provas de que o avião realmente caiu no Oceano Índico e, de braços dados, gritaram que o governo da Malásia é "assassino". Eles denunciaram a postura dos responsáveis do governo malaio e da companhia aérea Malaysia Airlines, chamados de “carrascos”.

Momentos antes da coletiva de imprensa, a Malaysia Airlines enviou SMS aos parentes dos passageiros do voo, anunciando que não havia sobreviventes.
Momentos antes da coletiva de imprensa, a Malaysia Airlines enviou SMS aos parentes dos passageiros do voo, anunciando que não havia sobreviventes. REUTERS/Kim Kyung-Hoon

O anúncio oficial da morte dos parentes na segunda-feira provocou cenas de histeria no hotel de Pequim onde estavam hospedados familiares das vítimas. Entre choro e gritos, quatro pessoas tiveram que ser levadas de maca para atendimento médico.

Em um comunicado, as famílias dos passageiros a bordo do vôo MH370 disseram ser “imperdoáveis” a responsabilidade e culpa da companhia, do governo e dos militares malaios. Os familiares criticam sobretudo a gestão caótica das operações de buscas do Boeing 777. Eles também denunciam, particularmente, a postura em relação às famílias dos 154 passageiros chineses do avião, que foram submetidos durante duas semanas a informações contraditórias.

“Essas ações desprezíveis  atingiram fisicamente e psicologicamente as famílias dos nossos 154 passageiros chineses, e também induziram ao erro e atrasaram as operações de socorro”, declarou um representante das famílias durante uma entrevista.

Missão impossível: localizar caixas pretas

Localizar as duas caixas-pretas do vôo MH370 na imensa área de buscas, distante 2.500 quilômetros de Perth é considerada uma missão praticamente impossível. E na hipótese, considerada remota e milagrosa de serem encontradas, especialistas ainda consideram pouco provável que o mistério sobre o desaparecimento do avião seja um dia desvendado.

Os cientistas, Klas Lackschewitz e o engenheiro, Lars Triebe fazem inspeção do" Abyss", minisubmarino que pode realizar buscas a três mil metros de profundidade.
Os cientistas, Klas Lackschewitz e o engenheiro, Lars Triebe fazem inspeção do" Abyss", minisubmarino que pode realizar buscas a três mil metros de profundidade. REUTERS/Fabian Bimmer

Os gravadores podem não fornecer todos os detalhes necessários para entender o que aconteceu com o Boeing 777 de Malaysia Airlines. Segundo o escritório Leeham CO, o DFDR (Digital Flight Data Recorder) que grava todos os parâmetros do voo (velocidade e altitude, por exemplo), permitiria analisar uma certa quantidade de informações. Mas a segunda caixa preta de um avião comercial, que grava as conversas, deixa registrada apenas as últimas duas horas de diálogo no cockpit.

Isso significa que as conversas após a mudança, não prevista, do trajeto foram perdidas. “O gravador não revelará nada do que aconteceu acima do Golfo da Tailândia. O conteúdo terá sido apagado”, diz a Leeham em um comunicado.

Diante dessa constatação muitas perguntas sobre o voo MH370 ficarão sem repostas. Por que o Boeing mudou de direção após decolar do aeroporto de Kuala Lumpur e partiu em direção oposta ao plano de vôo previsto? Por que os sistemas de comunicação foram desativados? Por qual motivo o avião teria voado por mais 7 horas, até esgotar o tanque de combustível? E por que se perder em uma isolada do planeta, longe de qualquer território?

Três hipóteses são discutidas para explicar o misterioso desaparecimento do Boeing: um sequestro do aparelho, uma sabotagem por parte de um ou dos dois pilotos ou uma pane repentina que deixou os pilotos e a tripulação sem poder de ação e o avião em modo de pilotagem automática até o fim.

Mas nada por enquanto permite privilegiar qualquer uma dessas hipóteses. Segundo o especialista da indústria aeronáutica, Chris Yates, “parece pouco provável que um dia tenhamos a explicação” do que aconteceu com o MH 370. Já o professor da Universidade politécnica Temasek de Cingapura, Paul Yap, “se as caixas-pretas não forem localizadas, é bem provável que nunca saberemos o que aconteceu”.
 

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