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Estados Unidos/Síria

EUA estudam estratégia para impedir uso de armas químicas na Síria

Na Síria, o Exército do presidente Bashar al-Assad afirma ter controlado bairros cristãos da cidade de Aleppo, no norte do país, que estavam nas maõs dos rebeldes. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, militares elaboram planos de urgência para intervir caso identifiquem movimentos nos estoques de armas químicas do regime.

Moradores observam estragos em edifício que teria sofrido bombardeio do Exército na cidade de Deraa, no sul da Síria.
Moradores observam estragos em edifício que teria sofrido bombardeio do Exército na cidade de Deraa, no sul da Síria. REUTRES
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O governo sírio informou que abriu negociações com o emissário especial da ONU para o conflito, Lakhdar Brahimi, para iniciar um "diálogo nacional" o mais rapidamente possível. Porém, o Exército sírio segue bombardeando várias regiões do país. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, pelo menos 16 pessoas morreram nesta sexta-feira após o bombardeio de dois imóveis na localidade de Mayadine, cidade de 55 mil habitantes a 420 km de Damasco, no leste do país. Entre as vítimas havia oito mulheres. Corpos estão presos sob os escombros.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos já se preparam para intervir militarmente caso percebam o menor movimento nos estoques de armas químicas na Síria, uma hipótese que passou a ser considerada como plausível pelo agravamento da guerra civil. A Casa Branca teme que armas de destruição em massa (ADM) caiam nas mãos de extremistas islâmicos e defensores do regime ultrarradicais.

Charles Blair, especialista em proliferação de armas e terrorismo da Federação de Cientistas Americanos (FAS), afirmou à agência AFP que a ameaça química no contexto do conflito sírio é uma situação inédita. Blair lembra o caso iraquiano: apesar dos esforços da Agência Internacional de Energia Atômica em controlar o arsenal ilícito iraquiano, toneladas do explosivo HMX desapareceram do país antes da intervenção americana em 2003, assim como material radioativo foi roubado da usina nuclear de Tuwaitha.

Segundo especialistas, os estoques sírios de armas químicas, como o gás mostarda, gás sarin e outros agentes, foram constituídos nos anos 70 e são os mais importantes existentes no Oriente Médio. Alguns produzem queimaduras extremamente dolorosas, outros provocam a destruição das células humanas. Em julho, o regime sírio reconheceu dispor de um arsenal dessas armas e estaria disposto a usá-las contra Exércitos ocidentais, em caso de agressão estrangeira. Os rebeldes acusam o regime de ter deslocado centenas dessas armas para as fronteiras.

Na segunda-feira, o presidente americano, Barack Obama, alertou que o uso de armas químicas pelos defensores de Bashar al-Assad poderia levá-lo a mudar de ideia sobre uma intervenção militar ocidental na Síria. Israel e outros aliados na região se sentem ameaçados. Militares americanos começaram a estudar planos de intervenção em caráter de urgência e afirmam que apesar de não ter clareza total sobre os locais de armazenagem dessas armas, eles dispõem de meios eficazes para supervisionar os estoques.

O jornalista americano Austin Tice está desaparecido há uma semana. Ele cobria os conflitos no país para o jornal Washington Post.

Anistia Internacional relata crimes brutais até contra crianças

A Anistia Internacional denuncia que o governo sírio está muito longe de defender o diálogo com seus opositores. Os bombardeios contra civis no norte do país continuam intensos e a tortura, inclusive de crianças, é uma realidade que supera até os crimes mais brutais testemunhados pela Anistia Internacional, disse à RFI Geneviève Garrigos, diretora da organização na França.

"Quando vemos corpos de crianças que morreram sob tortura, que pessoas foram presas em suas casas, o número de execuções extrajudiciais, de desaparecimentos forçados, vemos que a violência atingiu proporções dramáticas. Em Aleppo, constatamos que muitas pessoas não fugiram e tentam se refugiar de bairro em bairro para encontrar refúgio e mesmo assim acabam sendo mortas.

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