Partidos islâmicos vencem primeira fase das eleições no Egito
Termina nesta terça-feira a primeira fase das eleições legislativas no Egito, marcadas pela ampla vitória dos partidos islâmicos sobre os liberais. São as primeiras eleições no país desde a queda do ditador Hosni Moubarak, há dez meses, e fazem parte do processo de transição política que terminará com as eleições presidenciais, em junho de 2012.
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Neste segundo turno da votação, eleitores comparecem às urnas desde a segunda-feira para eleger representantes de três regiões, entre elas onde estão as duas principais cidade do país, Cairo e Alexandria.
A Irmandade Muçulmana, os fundamentalistas salafistas e a formação Wassat (islâmicos moderados) já consquistaram 65% dos votos no primeiro turno, deixando bem para trás os liberais que atingiram pouco menos de 30% dos votos.
Em entrevista ao jornal egípcio Al Chourouq, um dos líderes do campo liberal, o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica e prêmio Nobel da Paz, Mohamed El Baradai, deixou claro seu descontentamento com o resultado da primeira fase. “Deixem (os islâmicos) governarem e que tenham sua oportunidade, as pessoas vão descobrir que slogans não são suficientes”, afirmou.
Baradai também criticou duramente os militares que comandam o país desde a queda de Moubarak, afirmando que eles “fracassaram” ao assumir o governo do Egito. “Vivemos hoje em um sistema fascista com tribunais militares e uma lei de exceção; se houver uma nova rodada da revolução, ela será cheia de cólera e violência”, alertou.
“A situação vai de mal a pior depois do fracasso do Conselho Militar na gestão do período de transição”, disse Baradai. Segundo ele, os jovens egípcios estão completamente “desiludidos porque nada mudou”.
Ayman Abdel Wahed, correspondente da RFI no Egito.
A Irmandade Muçulmana, que saiu reforçada da votação ao conquistar com seu partido Liberdade e Justiça cerca de 36% dos votos no primeiro turno, alertou para qualquer ameaça de fraude eleitoral. “Iremos às ruas se houver fraude (nos resultados) das eleições e manipulação da Constituição”, declarou o guia da confraria, Mohamed Badei, em uma entrevista à televisão egípcia.
Badei disse que a Irmandade Muçulmana não quer o monopólio do poder e expressou a intenção de formar um futuro governo de coalizão sem revelar se pretende se aliar aos salafistas, que conquistaram cerca de 24% dos votos ou aos seus rivais liberais.
A comissão eleitoral, que anunciou uma participação massiva de 62% de eleitores no primeiro turno, informou na segunda-feira que reviu para 52% a taxa de participação devido a problemas técnicos.
Após esta primeira fase das eleições, que termina nesta terça-feira, tem início uma segunda etapa com a votação prevista a partir da semana que vem e com duração até 11 de janeiro, para a escolha dos representantes da Assembleia do Povo.
Em março serão realizadas a eleição para a Shura, a Câmara Alta do Parlamento.
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