Diplomacia europeia condena declarações de Ahmadinejad sobre o 11 de setembro
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Asthon, afirmou hoje que as declarações de Mahmoud Ahmadinejad sobre o 11 de setembro são "escandalosas e inaceitáveis". O presidente iraniano roubou a cena ontem na Assembleia Geral da ONU ao afirmar que a maioria das pessoas acredita que foi os EUA quem organizou os atentados. Paralelamente à Assembleia Geral aconteceu ontem uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, durante a qual o chanceler brasileiro Celso Amorim criticou o órgão e pediu que os membros não permanentes tenham mais poder.
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Enquanto os países mais poderosos do mundo adotam um discurso indicando que querem manter contato com o Irã, o presidente Mahmoud Ahmadinejad continua criando polêmica com suas declarações. Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, nesta quinta-feira, ele disse que a maioria das pessoas acredita que foi o governo norte-americano quem provocou os atentados de 11 de setembro de 2001, para reverter o declínio da economia do país. A delegação dos Estados Unidos abandonou o plenário em protesto.
Ahmadinejad foi além e propôs à ONU a criação de um "grupo independente de apuração" para investigar os atentados. A missão dos Estados Unidos na ONU reagiu dizendo que « mais uma vez o presidente iraniano prefere recitar teorias conspiratórias a trazer as aspirações e a boa vontade do povo do seu país.”
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, afirmou nesta sexta-feira que as declarações de Ahmadinejad são « escandalosas e inaceitáveis ». « É por isso que todos os representantes das 27 nações da União Europeia saíram da sala da Assembleia geral das Nações Unidas », explicou Ashton. « Em nome da União Europeia, eu gostaria de exprimir minha solidariedade com as famílias e os amigos daqueles que morreram ou ficaram feridos nos atentados de 11 de setembro », acrescentou.
O Chanceler brasileiro Celso Amorim
O grupo dos 5 +1, que reúne os membros permanentes do Conselho de Segurança - Estados Unidos, França, China, Reino Unido e Rússia - mais a Alemanha, estaria redigindo um documento para tentar negociar com o Irã. Segundo o Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, é possível que seja algo inspirado no Tratado que foi assinado entre Turquia, Brasil e Irã, e que não foi aceito pelas grandes potências.
« Não vamos cobrar direito autoral, nós queremos a paz », disse o chanceler. « Se isso acontecer e for com outro nome, não tem a menor importância. Nós teremos na nossa consciência que contribuímos para isso”, acrescentou.
Conselho de Segurança
Nesta quinta-feira aconteceu, paralelamente à Assembleia Geral, um encontro de alto nível do Conselho de Segurança da ONU. O chanceler brasileiro aproveitou, mais uma vez, para criticar o formato e os trabalhos do órgão que em 65 anos nunca teve uma grande reforma.
Durante a reunião que teve a presença dos 15 membros, Amorim disse que é injusto que os dez que têm cadeiras rotativas tenham poderes limitados e que quem realmente decide são só os cinco membros permanentes. Ele criticou ainda a maneira como são decididas as sanções e afirmou que elas são um instrumento que deve ser usado com muita cautela e somente quando todas as vias de diálogo e acordo foram esgotadas.
Colaboração da correspondente da RFI em Nova York, Cleide Clock.
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