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Imprensa constata que a França viverá sob ameaça terrorista permanente

Os jornais desta quinta-feira (19) dão amplo destaque à operação policial ocorrida ontem na cidade de Saint-Denis, ao norte de Paris. O diário Aujourd'hui en France entrevistou o diretor da Raid, a unidade de elite da polícia que invadiu o apartamento onde estavam reunidos vários terroristas prontos para cometer um novo atentado na capital. O policial, chamado Jean-Michel Fauvergue, descreve uma operação ultraviolenta, que durou sete horas. Os policiais dispararam cinco mil balas até conseguir neutralizar os terroristas.

Capa do Le Parisien e do Aujourd'hui en France de hoje.
Capa do Le Parisien e do Aujourd'hui en France de hoje. Reprodução
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A entrevista do diretor da Raid é impressionante. Os policiais entraram no apartamento em Saint-Denis sem saber ao certo quantas pessoas havia no local. Desde o primeiro minuto da operação, os terroristas, incluindo uma mulher-bomba que detonou seu colete de explosivos, receberam os policiais com rajadas de armas automáticas. O grupo era muito bem treinado no manejo de armas de guerra, afirma o policial.

Fauvergue presta homenagem ao cão farejador da polícia, chamado Diesel, abatido pelos terroristas. "Enviamos o Diesel na frente para explorar o local. Ele foi morto e sem dúvida salvou nossas vidas", conta o diretor da Raid. Até o final da operação, os policiais não sabiam - e não sabem até agora - quantas pessoas havia no apartamento. O jornal também publica dezenas de testemuhos de vizinhos que contam nos menores detalhes as cenas de guerra que presenciaram no centro histórico de Saint-Denis.

Em seu editorial, o jornal Aujourd'hui en France diz que daqui para frente será preciso se acostumar com a ideia de que a França é um alvo privilegiado do terrorismo. "Mas, nem por isso os franceses devem sacrificar o que faz a grandeza do país: ter um povo que ama a liberdade, é corajoso e fraterno", escreve o diário.

Falhas nos serviços de inteligência europeus

Libération publica um perfil de Abdelhamid Abaaoud, o jihadista belga mentor dos atentados de sexta-feira (13) em Paris e de vários outros ataques abortados no último ano. O jornal lembra que apesar de a imprensa americana ter noticiado, ontem à noite, que Abaaoud havia sido morto na operação policial em Saint-Denis, essa informação não está confirmada.

O jornal de esquerda constata falhas na troca de informações e na vigilância dos serviços de inteligência europeus. O jihadista belga fez várias viagens entre a Síria e a Europa sem ser detido pelos agentes de fronteira europeus. Para o Libération, "Abaaoud personifica os erros dos serviços europeus de inteligência". Em seu editorial, o jornal pede uma colaboração mais estreita nessa área, lembrando que "só a união faz a força na luta contra o terrorismo".

Ameaça permanente

Os jornais Les Echos e Le Figaro também dedicam suas manchetes às investigações dos atentados em Paris.

"Existe uma ameaça permanente", afirma em manchete o diário econômico Les Echos, também chamando a atenção para o arsenal de guerra que os policiais encontraram ontem na intervenção em Saint-Denis. A quarta-feira foi marcada por falsos alertas de bomba na capital francesa, constata o jornal. Lojas, restaurantes e monumentos turísticos ficaram vazios praticamente o dia todo, revelando a psicose que se instala na cidade pelo temor de novos atentados, diz o texto do Les Echos. Em seu editorial, o diário sugere que a onda de pânico provocada pelos ataques terá um custo elevado para a economia francesa.

O diário conservador Le Figaro considera que a polícia francesa deu ontem "um golpe bem-sucedido" contra o grupo Estado Islâmico ao desmantelar uma nova célula que se preparava para atacar Paris. Em seu editorial, Le Figaro elogia o trabalho da polícia e dos serviços de inteligência franceses, destacando que a guerra continua. "Muito longe do clichê do lobo solitário, os kamikazes formam um exército na França e na Europa, que avança na sombra e assassina em grupo", diz o texto. O diário questiona: "como bloquear e erradicar essa internacional do islamismo, na Europa e no Oriente Médio?".

Para essa pergunta, Le Figaro não tem resposta, mas diz que os franceses não querem mais ouvir das autoridades que um suspeito passou pela malha fina dos serviços de inteligência porque não tinha indícios de ser perigoso. 

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