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Imprensa/Grupo Estado Islâmico

Ofensiva contra Sinjar coloca Estado Islâmico na defensiva, dizem jornais

A ofensiva dos peshmergas curdos contra Sinjar é um dos destaques da imprensa francesa nesta sexta-feira (13). A invasão dessa cidade do norte do Iraque pelo grupo Estado Islâmico em agosto de 2014 causou comoção mundial e foi determinante para que o presidente norte-americano, Barack Obama, decidisse comandar uma coalizão internacional para enfrentar os jihadistas.

Membros das forças peshmergas reunidas nas proximidades da cidade de Sinjar
Membros das forças peshmergas reunidas nas proximidades da cidade de Sinjar REUTERS/Ari Jalal
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A invasão foi uma ação brutal, classificada como "tentativa de genocídio" pela ONU, em que não faltaram estupros, assassinatos sumários e escravização sexual de mulheres yazidis. Essa minoria de língua curda sempre recusou a conversão ao islã e, por isso, é considerada herege pelo grupo ultrarradical.

Do ponto de vista estratégico, a tomada de Sinjar significa um enorme golpe contra os jihadistas, porque ela corta a principal rota de abastecimento do Daesh, como a organização é conhecida em árabe, entre suas duas autoproclamadas capitais: Raqqa, na Síria, e Mossul, no Iraque.

Por isso, o título da matéria do Libération é "O Estado Islâmico na defensiva". Esse ataque, realizado por 7,5 mil peshmergas com o apoio da força aérea da coalizão, "obriga o Estado Islâmico a lutar em diversas frentes", observa o jornal, em alusão à pressão exercida simultaneamente pelas forças do regime Bashar al-Assad, amparadas por Rússia, Irã e Hezbollah.

Além disso, abre-se um caminho para a reconquista de Raqqa, que isolaria a organização jihadista. Mas, apesar de essa ser a principal vontade dos Estados Unidos, um ataque contra a cidade síria não está nas prioridades das forças curdas. É preciso lembrar que os curdos lutam não pela ampliação de seu território, mas por autonomia.

Eles querem defender o Curdistão, conhecido também como Rojava, e Raqqa não faz parte de seu território. Por isso, uma fonte curda entrevistada pelo diário progressista afirma que "por enquanto, o objetivo é Sinjar. Depois, retomamos os campos petrolíferos de al-Hol e Jarablus, na fronteira turca. Só depois disso, nos preocuparemos com Raqqa". Jarablus é fundamental porque permitiria aos curdos unificar seu território, uma possibilidade que a Turquia combate a todo custo.

Divisão curda

A divergência não está somente nas prioridades da ofensiva, mas também dentro do próprio exército curdo, afirma Le Figaro. O jornal lembra que, na época da tomada brutal de Sinjar, os peshmergas, que hoje tentam retomar a cidade, fugiram, abandonando os yazidis à própria sorte.

Quem fez o resgate de parte da população foram militantes do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão. O PKK, classificado como terrorista pela Otan e pelos Estados Unidos, não participa dessa operação, mas algumas brigadas yazidis formadas nas linhas do partido, sim.

Foi por causa das divergências entre essas duas forças curdas - além de problemas meteorológicos - que o ataque contra Sinjar demorou várias semanas para acontecer. Por isso, o jornal observa que, na cidade e nos seus arredores, as fotografias do líder preso do PKK, Abdullah Ocalan estão por toda parte.

Para um especialista entrevistado pelo Figaro, a retomada de Sinjar é a oportunidade para o PDK, o Partido Democrático do Curdistão, ligado aos peshmergas, reconquistar seu lugar entre a opinião pública curda. As questões que se colocam são: e depois da retomada? Quem controlará a área? Quem colherá os louros da vitória? Perguntas que, por enquanto, é melhor evitar, conclui o jornal.

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