Sindicatos preveem greve longa de trabalhadores da Petrobras
A mobilização crescente de trabalhadores à greve nacional dos funcionários da Petrobras pode levar a empresa a enfrentar uma paralisação histórica, estima a coordenação da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). A adesão já provoca cortes de produção de plataformas, refinarias e interfere em outras áreas de atividades da gigante brasileira do petróleo.
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Deflagrada na quinta-feira 29), por cinco sindicatos vinculados à FNP, a greve teve a adesão no domingo da Federação Única dos Petroleiros, vinculada à CUT, que anunciou uma paralisação por tempo indeterminado. As duas entidades se mostram unidas na pauta de reivindicações. Elas denunciam as propostas da empresa que bloqueiam a assinatura de um novo acordo coletivo e também a gestão da companhia que é considerada prejudicial para o futuro da empresa.
Além de rejeitar a proposta de reajuste salarial de 8,11%, bem abaixo da reivindicação de 18%, os trabalhadores denunciam um “rebaixamento” de benefícios na proposta do novo acordo coletivo. “O plano retira uma série de direitos conquistados pelas categorias, como redução dos valores de horas –extras e extinção de benefícios como auxílio-farmácia”, explica Edison Munhoz Filho, coordenador de imprensa da Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros
Os grevistas também exigem a revisão do plano de desinvestimento da empresa que prevê a venda de ativos. “Não temos controle do que está sendo feito com outras empresas ligadas à Petrobras”, diz Munhoz Filho. Os sindicalistas também denunciam uma política de “desmonte da empresa”, com projetos de leilões , privatizações e mudanças nas regras para exploração do pré-sal, que, segundo eles, seriam prejudiciais à estatal brasileira de petróleo.
Operação Lava Jato
A greve também denuncia a paralisação de obras devido ao escândalo da Petrobras, que teria levado cerca de 30 mil trabalhadores para as ruas. “A operação Lava Jato, ao invés de prender simplesmente os corruptos e corruptores,teve outro viés, acabou paralisando os contratos. O viés é proposital, para travar financeiramente a empresa”, afirma Edison. “A decisãod os congressos de ambas Federações de que a greve é em defesa da Petrobras como patrimônio nacional é fundamental”, segundo o sindicalista.
“Não interessa ao povo brasileiro nem à Petrobras esse desinvestimento e a diminuição das obras desse Brasil todo. Só leva a um maior desemprego. A Petrobras é a maior geradora (de empregos) do Brasil e do financiamento das obras do governo federal, do PAC. Ela é responsável por quase 14% do PIB.”, argumenta.
Greve histórica ?
Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a greve já teria afetado 25% da produção da empresa. “A greve começou forte. Normalmente demora quinze dias para mobilizarem mais unidades. Já temos cortes de produção de plataformas e refinarias já no terceiro, quarto dia de greve, é inédito”, observa o sindicalista, completando que a greve cresceu rapidamente e está demonstrando que pode ser a maior da história da empresa, com um crescimento exponencial. "E a tendência é ficar mais forte, apesar de todo o esforço da Petrobras, atémesmo judicial, de tentar criminalizar a greve”.
“Não há atualmente na Petrobras nenhuma unidade de produção que não tenha corte de rendição ou com a produção alteradas. A cada momento temos notícia de cortes de unidades de produção. O movimento tem crescido muito, avalia o entrevistado, afirmando que a greve está se fortalecendo e é só o começo. "Tem muita guerra pela frente. A empresa vai enfrentar uma greve prolongada como ela não imaginava. Se a greve vier nesse ritmo de crescimento constante, vamos superar rapidamente a greve de 1995”, diz o entrevistado, em referência à maior paralisação já registrada pela empresa, que durou 32 dias.
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