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Reforma do sistema francês de complemento da aposentadoria está num impasse

As duras negociações entre o sindicato patronal e as centrais sindicais francesas para uma reforma do financiamento do sistema complementar da aposentadoria são o assunto em destaque desta sexta-feira (16) na França. Analistas alertam que a falta de um acordo pode levar o sistema à falência nos próximos anos.

A maioria dos franceses prefere cotizar mais do que adiar o pedido da aposentadoria.
A maioria dos franceses prefere cotizar mais do que adiar o pedido da aposentadoria.
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Representantes do sindicato patronal francês e das centrais sindicais voltam a se reunir hoje para discutir um assunto delicado, mas fundamental para financiar o chamado sistema complementar de aposentadoria, que como o próprio nome indica, é um sistema que complementa os salários dos pensionistas e aposentados.

Segundo Le Figaro, não será nada fácil encontrar um compromisso entre as duas partes. O sindicato patronal e os representantes dos trabalhadores vão tentar mais uma vez chegar a um acordo para uma reforma ambiciosa para financiar o sistema complementar das aposentadorias. "A tarefa é complicada tamanha as diferenças entre as propostas e as posições das duas partes na negociação", escreve o jornal.

O sindicato patronal quer impor um "remédio amargo". A proposta principal é a de estimular os trabalhadores a pedir a aposentadoria o mais tarde possível. Como? Reduzindo provisoriamente o valor do benefício para quem quiser se aposentar antes dos 64 anos de idade. Por outro lado, quem decidir se aposentar depois desta idade irá se beneficiar de um bônus.

De acordo com Le Figaro, essa ideia é rejeitada categoricamente pelas centrais sindicais que não abrem mão da idade legal para a aposentadoria, 62 anos. s sindicalistas defendem que as empresas devem aumentar sua contribuição para o sistema, proposta que o sindicato patronal não aceita. Um acordo deve ser feito, caso contrário, as reservas dos dois organismos (Arrco e Agirc) que financiam o sistema vão acabar em 2018 e em 2027. É reformar ou falir, resume Le Figaro.

Em editorial, o jornal se refere às negociações como um "diálogo de surdos", diante das poucas chances de se chegar a um compromisso. Salvo milagre, o resultado é conhecido antecipadamente e esse novo "round" das negociações está condenado ao fracasso.

Política da "batata quente"

Le Figaro diz que todos os relatórios e estudos já realizados sobre esse verdadeiro "psicodrama francês" preconizam a mesma solução: pedir a aposentadoria mais tarde possível para preservar o equilíbrio financeiro das entidades que pagam o complemento do benefício. Um dos motivos é bem conhecido e diz respeito ao aumento da expectativa de vida da população.

Os vizinhos da França já entenderam o problema e fizeram suas reformas no sistema de aposentadorias sem nenhum drama social, afirma Le Figaro. O jornal critica a postura do presidente François Hollande que "deliberadamente" encarregou as duas partes em conflito a negociarem diretamente uma solução e tomarem "medidas corajosas". Sua política é a da "batata quente", diz o jornal, em referência à expressão conhecida no país quando alguém empurra o problema para o outro resolver.

"Situação alarmante"

Na mesma linha pouco otimista, o diário econômico Les Echos diz que a perspectiva de firmar um acordo é muito distante, apesar da situação alarmante do sistema complementar das aposentadorias. Se nada for feito, os benefícios de um aposentado devem diminuir 10% a partir de 2018, escreve Les Echos.

De acordo com o diário, o ponto crucial de bloqueio nas dicussões é a idade legal para requerer o benefício. O sindicato patronal baixou de 65 anos para 64 a idade para se aposentar, mas as centrais sindicais insistem que é preciso uma reforma estrutural do sistema de base.

Em meio ao impasse, Les Echos divulga uma pesquisa de opinião pública em que 52% dos franceses disseram ser favoráveis a um aumento de cotização para o sistema ao invés de adiar a idade para se aposentar.
 

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