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Correio dos Ouvintes para o Brasil

Um roteiro de charme pelos castelos e histórias das amantes dos reis franceses

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Por Márcia BecharaElas foram odiadas pelas rainhas, mas adoradas por seus maridos. Sedutoras, eruditas ou fanfarronas, mas sempre politicamente astuciosas e surpreendentemente empreendedoras, as amantes dos reis de França influenciaram inúmeras vezes a história deste que foi um dos maiores impérios do mundo. Mecenas de gênios como Voltaire, Molière e Diderot, elas lançaram moda e deixaram uma herança entremeada de castelos e propriedades luxuosas. Conheça um pouco mais sobre esse roteiro de charme no Correio dos Ouvintes. 

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Século XV - Agnès Sorel e o castelo de Loche

A vaidosa e influente Agnès Sorel, que assistiu ao entronamento de Charles VII por ninguém menos que Joana D'Arc.
A vaidosa e influente Agnès Sorel, que assistiu ao entronamento de Charles VII por ninguém menos que Joana D'Arc. Wikipedia

Na quinta posição deste nosso Game of Thrones da Corte Francesa, a famosa Agnès Sorel, a favorita do rei Charles VII, entronado à Reims por ninguém menos que Joana D'Arc. Vinda da pequena nobreza francesa, Agnès foi convocada para a corte em 1444 por Charles VII, que já estava de olho em sua beleza legendária. Colocada aos serviços da Rainha Marie d'Anjou, Agnès cede aos avanços do rei durante os festejos de um torneio de cavalaria. Charles VII a eleva à categoria de "Amante Real", a primeira vez que uma favorita do rei é publicamente assumida como tal. Agnès Sorel, que teve quatro filhos com o rei, não fez por menos: conhecida pelas suas extravagâncias e ostentações, ela elimina o véu e outras coberturas do vestuário da corte e lança a moda dos grandes decotes e dos ombros nus, para horror da moral católica dominante. Vaidosa, usava batom à base de pétalas de papoulas e depilava as sobrancelhas, uma vez que a testa, vejam bem, era considerada o ponto G do erotismo feminino da época! Politicamente, Agnès fez a festa de sua entourage, seus amigos e aliados, que caíram nas graças de Charles VII graças à sua influência. Como presente, Charles VII lhe oferece o castelo medieval de Loche, no Vale do Loire.

Século XVI - Diane de Poitiers e o castelo de Chenonceau

Diane de Poitiers ganhou de presente o magnífico Castelo de Chenenceau de Henrique II.
Diane de Poitiers ganhou de presente o magnífico Castelo de Chenenceau de Henrique II. École de Fontainebleau

Diane de Poitiers, também conhecida como condessa de Saint-Vallier e duquesa de Valentinois, é a favorita do rei Henrique II por mais de uma década, e a nossa quarta colocada no ranking das amantes reais mais poderosas da França, no período anterior à Revolução Francesa, claro. 20 anos mais velha do que o rei, vinda da alta nobreza, descrita como muito inteligente, mais culta do que o próprio monarca e consciente de seu prestígio, Diane exerceu forte influência sobre Henrique II, que reinou entre 1547 e 1559, casado com a toda poderosa, a rainha Catherine de Médicis. Além dos títulos, jóias da Coroa real e obras de arte, Diane de Poitiers ganhou de seu amante o fabuloso Castelo de Chenonceau, que ela transforma numa das mais belas propriedades de seu tempo. Enciumada, mas impotente frente à adoração de Henrique II por Diane, a Rainha Catherine de Médicis dá o troco no leito de morte de seu marido, obrigando a amante a trocar seu belo castelo de Chenenceau pelo menos fastioso castelo de Chaumont, ambos na região do Loire. Diane de Poitiers morre em 1566 em seu maravilhoso Château d'Anet, aberto à visitas até hoje.

Século XVI/XVII - Gabrielle D'Estées e o castelo de Montceaux

Gabrielle d'Estrées (à direita), uma das favoritas de Henri IV, e sua irmã, a Duquesa de Villars, também conhecida como Madame de Balagny.
Gabrielle d'Estrées (à direita), uma das favoritas de Henri IV, e sua irmã, a Duquesa de Villars, também conhecida como Madame de Balagny. Museu do Louvre

E a medalha de bronze do nosso Game of Thrones das Amantes dos Reis de França vai para Gabrielle D'Estrées, a mais favorita entre as dezenas de favoritas de Henrique IV, considerado pelos franceses um verdadeiro compulsivo obsessivo sexual, e orgulhoso de sê-lo! Irmã de setes cortesãs consideradas pela corte como "os sete pecados capitais", Gabrielle era descrita como uma beleza loira, de lindos olhos azuis, e se torna amante do Rei em 1591, quando o monarca se apaixona perdidamente por ela. Henrique IV queria até se casar com Gabrielle, mas para isso seria necessário repudiar a sua esposa da época, a impulsiva e poderosa Rainha Margot, e o terrível papa Clemente VIII, que apoiava a rainha católica. Mesmo com toda essa oposição, o casal teve três filhos bastardos. Gabrielle morre grávida do quarto filho de Henrique IV, com sérias convulsões que levam a Corte a cogitar o envenenamento, prática comum de assassinato de inimigos nas cortes europeias de então. Desolado, Henrique IV lhe oferece funerais com pompas de realeza. Em vida, recebeu do rei o magnífico Château de Montceaux, situado no departamento de Seine-et-Marne, perto da linda floresta de Fontainebleau, além do título de Marquesa.

 Século XVII - Françoise d’Aubigné e o castelo de Versalhes

Françoise d’Aubigné, a Marquesa de Mainenton, ou a babá esperta...
Françoise d’Aubigné, a Marquesa de Mainenton, ou a babá esperta... Wikipedia

No segundo lugar das Top Five das favoritas reais, trazemos Françoise d’Aubigné, a Marquesa de Maintenon. Contratada pela antiga amante do rei para cuidar de seus filhos, essa babá esperta vira o jogo e assume o protagonismo feminino na corte de Luís XIV. Hummm, acho que já ouvi essa história em algum lugar... E você? Muito hábil e dona de uma estratégia fina, Françoise se instala em nada menos que o magnífico Castelo de Versalhes, a pedido do rei, que a visita em seus apartamentos com frequência. Austera, ela possui grande influência sobre Luís XIV. Françoise, a Marquesa de Maintenon, ficou conhecida por trazer de volta a ordem ao Castelo de Versalhes, fato que deixou toda a animada corte do rei contra ela. 

Século XVIII - Jeanne-Antoinette Lenormant d’Etiolles e o Petit Trianon

Jeanne-Antoinette Lenormant d’Etiolles, a legendária Marquesa de Pompadour, retratada com um livros nas mãos, referência à sua predileção pelas artes.
Jeanne-Antoinette Lenormant d’Etiolles, a legendária Marquesa de Pompadour, retratada com um livros nas mãos, referência à sua predileção pelas artes. Wikipedia/National Gallery of Scotland

E no primeiríssimo lugar na lista das Amantes dos Reis de França e seus castelos, tchan tchan tchan tchamm... Jeanne-Antoinette Lenormant d’Etiolles, a legendária Marquesa de Pompadour, amante, amiga e conselheira de Luís XV, protetora e mecena da arquietura e das artes! Vinda da burguesia francesa, e não da aristocracia, Jeanne-Antoinette enfrenta, a princípio, forte preconceito social dentro da corte de Luís XV, cheia de fasto, no Castelo de Versalhes. Pouco a pouco a pequena se transforma em Marquesa de Pompadour, e recebe do rei um presente, digamos, pomposo: o palácio do Petit Trianon, construído especialmente para ela dentro de Versalhes, local que servirá posteriormente de refúgio para a rainha Maria Antonieta. Descrita como bela, esbelta, alta, de cabelos castanhos claros e belos traços, seu sorriso conquistou a corte de Luís XV. Seu interesse pelos livros e pelas representações teatrais a tornam uma grande organizadora de salões eruditos  e mundanos parisienses. A Marquesa de Pompadour não poderia mesmo reclamar: Luís XV constrói para ela em Paris o Palácio do Eliseu, sede do governo francês atual, como a residência de sua favorita na capital.
 

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