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Linha Direta

Deputados britânicos aprovam referendo sobre permanência do Reino Unido na UE

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Os deputados conservadores do Reino Unido obtiveram, nesta terça-feira (9), uma ampla maioria em favor de uma lei que convoca um referendo sobre a permanência do país na União Europeia. Depois de um intenso debate, a Câmara dos Comuns aprovou a proposta de lei por 544 votos contra 53. Caso a lei acabe sendo promulgada após os trâmites no Parlamento, o plebiscito pode acontecer até o final de 2017.

O projeto de fazer um referendo para decidir se o Reino Unido continua ou não na União Europeia deu seu primeiro passo no parlamento britânico nesta terça-feira (9).
O projeto de fazer um referendo para decidir se o Reino Unido continua ou não na União Europeia deu seu primeiro passo no parlamento britânico nesta terça-feira (9). REUTERS/Matt Dunham/Pool
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Maria Luisa Cavalcanti, correspondente da RFI no Reino Unido

A discussão do Parlamento sobre o referendo ocorre pouco de um mês depois das eleições gerais no Reino Unido, que deram vitória ao Partido Conservador, do primeiro-ministro David Cameron. No entanto, alguns partidos de oposição sempre se declararam contra a realização desse referendo.

A consulta sobre a permanência ou não do Reino Unido na União Europeia foi uma promessa feita por Cameron em 2013, caso ele conseguisse um segundo mandato – o que ocorreu no último dia 7 de maio. O assunto foi bastante discutido na campanha eleitoral.

Os principais partidos de oposição, o Trabalhista e o Liberal-Democrata, reiteraram que não iriam fazer um referendo sobre o assunto. Na visão de analistas políticos, esses partidos, diante da derrota que sofreram em 7 de maio, simplesmente decidiram não entrar em confronto com o eleitorado britânico e preferiram não se opor à ideia de um referendo. Isso explicaria o resultado praticamente unânime da votação de terça-feira.

Os parlamentares que se opuseram à lei pertencem ao SNP, o Partido Nacional Escocês. Mas é importante diferenciar quem é a favor desse plebiscito e quem é a favor da saída da União Europeia. Mesmo tendo votado pela lei, na terça-feira, os trabalhistas, os liberais-democratas e até mesmo alguns dos conservadores, dizem preferir que o Reino Unido continue no bloco.

Reino Unido na União Europeia

O Reino Unido se juntou ao bloco em 1973 e, dois anos depois, um referendo no qual os britânicos ratificaram a permanência do país na comunidade, foi realizado. Essa foi a última vez que os cidadãos puderam opinar diretamente sobre o assunto. E o principal argumento dos parlamentares que defendem ativamente um novo plebiscito é o de que existe uma geração inteira de britânicos que nunca pode se manifestar em relação à participação do país na União Europeia.

Mas o que provavelmente ressuscitou esse debate é a atual situação política, econômica e social do bloco e o próprio cenário internacional, que é bem diferente do que era há 40 anos. A ampliação da União Europeia, que passou a incluir os países do Leste; a crise na zona do euro e o resgate a países como a Grécia e Portugal; os problemas provocados pela imigração; a interferência do bloco em questões financeiras – tudo isso motivou o Reino Unido a repensar seu papel dentro da comunidade europeia.

Cameron se lançou recentemente em uma campanha junto aos líderes do bloco para tentar conseguir algumas reformas. Ele disse que, se obtiver essas reformas, vai fazer uma campanha pela permanência do Reino Unido na União Europeia.

Britânicos defendem permanência na UE

As últimas pesquisas de opinião, que datam do início de maio, mostram que 45% dos britânicos defendem que o Reino Unido continue na União Europeia, enquanto 33% preferem ver o país fora do bloco. Mas, como o referendo será realizado daqui a pelo menos dois anos, muita coisa pode mudar.

Os partidos britânicos vão ter um papel fundamental na formação da opinião do eleitorado. Os conservadores têm hoje um grupo cada vez maior de chamados “eurocéticos”, ou seja, que não estão satisfeitos com a atual situação do Reino Unido no bloco. O UKIP, Partido pela Independência do Reino Unido, que teve uma votação expressiva, é totalmente a favor da saída do país. E os trabalhistas, liberais-democratas, nacionalistas escoceses e nacionalistas galeses defendem a permanência do país na comunidade europeia.

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