Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Consequências do escândalo de corrupção na Fifa prometem ser devastadoras

Publicado em:

O escândalo de corrupção revelado pelo FBI com a prisão de sete membros da Fifa nessa quarta-feira (27) em Zurique abala as estruturas do futebol mundial. As consequências das denúncias envolvendo contratos de marketing e direitos esportivos e também da atribuição para as organizações do principal evento da Fifa, a Copa do Mundo, prometem ser devastadoras. Para muitos observadores, o escândalo pode marcar uma reviravolta na forma de governar a entidade.

REUTERS/Ruben Sprich
Publicidade

Deborah Berlinck, correspondente da RFI na Suíça

A Fifa caiu na malha da poderosa Justiça dos Estados Unidos. A vasta operação foi anunciada pela própria ministra da Justiça americana, Loretta Lynch, e pelo o diretor do FBI, James Comey. Isso é de um enorme simbolismo. Pela primeira vez, o cerco se fecha em torno da cúpula e, em especial, em torno do todo poderoso presidente da entidade, o suíço Joseph Blatter, mesmo que ele tenha sido poupado até agora nas investigações dos americanos.

Blatter foi durante anos o braço direito do ex-presidente da Federação Internacional de Futebol, o brasileiro João Havelange. O suíço tem 40 anos de Fifa. Domina a entidade a palma da mão. Blatter vem colecionando inimigos nos últimos anos, como o francês Michel Platini, que já foi seu protegido e hoje dirige a poderosa UEFA, a entidade que reúne as associações de futebol da Europa. Mas Blatter detém claramente o poder. Ele quer disputar nesta 6a feira o quinto mandato e não quer largar o cargo.

Suspeitas antigas

Há anos fala-se em corrupção em grande escala no comando da Fifa. Suspeitas eram levantadas desde a época em que o brasileiro João Havelange dirigia o órgão máximo do futebol mundial. Havelange comandou a Fifa com mãos de ferro durante 24 anos até 1998. Ele também é suspeito de ter recebido dezenas de milhões de dólares em propina da falida empresa ISL, que atribuía os direitos de transmissão de televisões para a Copa do Mundo. Mas nada aconteceu com Havelange e só agora, fora do poder há muitos anos e com 96 anos de idade, é que ele caiu em desgraça. Ainda assim, saiu ileso. Por enquanto.

Consequências para a reeleição de Blatter

Certamente não foi por acaso que as prisões aconteceram apenas dois dias antes da eleição no congresso da Fifa, prevista para sexta-feira (29). Mas é difícil dizer o que vai acontecer. Blatter sobreviveu a todos os golpes contra ele durante décadas. Além disso, a Fifa é uma entidade absolutamente opaca. Luxo e muito dinheiro fazem parte de seu universo.

Guido Tognoni, ex-braço direito de Blatter, hoje no campo inimigo, calcula que o presidente da Fifa ganha em torno de 15 milhões de francos suíços por ano, o equivalente à quase 50 milhões de reais. Todos enriquecem na entidade, mas ninguém sabe exatamente como os contratos bilionários são costurados. Blatter detém tanto poder na Fifa que sequer fez campanha ou apresentou programa para disputar o quinto mandato. “Meu programa são os meus 40 anos de Fifa”, justificou ele. Como resumiu a L’Hebdo, uma revista suíça, é como se Steff Blatter estivesse dizendo: “A Fifa sou eu!”.

Copa do Mundo no Brasil

Copa do Mundo 2014 no Brasil é parte das investigações. Por enquanto, não acharam nada. Mas como disseram os investigadores, estas prisões são só o começo. Ontem (27), a Fifa tentou se distanciar do escândalo declarando oficialmente à dezenas de jornalistas do mundo inteiro que as prisões não têm nada a ver com a eleição de seu presidente. Como se uma coisa fosse separada da outra.

Mas a pressão é enorme. Um dos jornais suíços estampou o titulo no editorial: “Blatter, sai fora!”. Autoridades suíças também estão fazendo uma investigação das atividades da Fifa no pais. Segundo o jornal alemão Bild e o britânico Daily Mail, Blatter teria sido proibido de deixar o território suíço.

Situação dos sete detidos

Agora começa a batalha judicial. Os Estados Unidos vão pedir a extradição dos sete dirigentes da Fifa, entre eles, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin. Os americanos têm um prazo de 40 dias para fazer isso. Mas segundo um responsável da Justiça suíça, uma decisão pode levar anos se os inculpados contestarem o pedido. Seis dos sete presos já anunciaram que vão recusar a extradição e apenas um – cujo nome não foi revelado, aceitou responder o processo nos Estados Unidos.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.