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Linha Direta

Netanyahu está sob pressão para formar governo de coalizão

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Termina à meia-noite desta quarta-feira (6) o prazo para que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apresente à nação seu próximo governo. Mas Netanyahu está tendo dificuldades para montar alianças e pode até mesmo perder a chance de continuar na cadeira de premiê.

Outdoor com os candidatos Benjamin Netanyahu (direita) e Isaac Herzog, líder da União Sionista (centro-esquerda).
Outdoor com os candidatos Benjamin Netanyahu (direita) e Isaac Herzog, líder da União Sionista (centro-esquerda). REUTERS/Baz Ratner
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Tel Aviv

Benjamin Netanyahu foi o grande vencedor das eleições legislativas de 17 de março em Israel, mas ele enfrenta exigências complicadas dos supostos aliados, partidos nacionalistas de direita e religiosos, que não só fazem demandas consideradas inaceitáveis pelo premiê como brigam entre si pelos mesmos ministérios e cargos.

O resultado é que Netanyahu não conseguiu, em 45 dias de negociações, fazer alianças que garantissem a ele um mínimo de 61 dos 120 parlamentares do Knesset, o Parlamento de Israel. Seu partido, o conservador Likud, foi consagrado nas eleições, recebendo um quarto dos votos, ou 30 cadeiras, um número considerado alto num país tão fragmentado politicamente.

Os analistas apostavam que Netanyahu conseguiria formar rapidamente um novo governo para assumir seu quarto mandato como primeiro-ministro a frente de partidos de direita, nacionalistas e religiosos. Porém, os chamados “aliados naturais” se rebelaram.

Aliados se rebelam

Se Netanyahu não conseguir formar um governo até meia-noite, ele pode até mesmo perder a chance de continuar a ser primeiro-ministro. Segundo a lei eleitoral israelense, se em 45 dias não for formada uma coalizão com, no mínimo, 61 cadeiras, o presidente do país pode chamar o segundo colocado nas eleições para tentar formar um governo alternativo.

Nesse caso, o novo candidato seria o líder do Partido Trabalhista, Yitzhak Herzog, que concorreu nas eleições pela legenda Campo Sionista, união dos trabalhistas com o partido O Movimento, da ex-chanceler Tzipi Livni, que conseguiu 24 cadeiras. Se Herzog também não conseguir formar uma coalizão, pode até mesmo haver novas eleições.

Mas há quem diga que o presidente Reuven Rivlin pode dar mais alguns dias de prazo a Netanyahu, caso ele o convença de que vai costurar as alianças necessárias.

Estopim da crise

A crise na formação do governo de coalizão começou com a decisão do chanceler Avigdor Lieberman de deixar as negociações com o Likud para ficar na oposição.

Lieberman, do partido nacionalista Israel Nosso Lar, com seis cadeiras no Parlamento, exigiu, além de se manter na pasta do Exterior, que Netanyahu se comprometesse em aprovar leis como a pena de morte para terroristas e cadeia para quem não se alistasse no exército. Como não recebeu garantias, ele anunciou que não iria entrar no governo, deixando Netanyahu com uma possível coalizão de apenas 61 parlamentares, muito instável e fraca.

Em seguida, o líder do partido de extrema-direita A Casa Judaica, Naftali Bennet, com 8 cadeiras, também decidiu fazer exigências, como ser nomeado ministro do Exterior ou da Defesa. Isso piorou ainda mais a situação de Netanyahu, que não quer Bennet, um colono abertamente contrário a um Estado palestino, como ministro da Defesa ou muito menos como chanceler.

Isso isolaria Israel ainda mais no mundo, apesar de o próprio Netanyahu ter dito, antes das eleições, que enquanto for primeiro-ministro, não haveria Estado palestino. Depois ele voltou atrás, mas o dano diplomático já estava feito.

Para superar o impasse, Netanyahu poderá abrir mão desses supostos aliados e formar um governo justamente com o Campo Sionista. Essa seria uma boa solução para o líder de direita, que precisa de um partido mais à esquerda para amenizar as posições direitistas do próximo governo perante o mundo. Além disso, a união dos dois maiores partidos daria legitimidade ao governo internamente e o tornaria mais estável. Porém, o líder do Campo Sionista, Yitzhak Herzog, já negou diversas vezes que aceitaria essa proposta.

Mas, na política israelense, tudo é possível.

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