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Linha Direta

Na Itália, sobreviventes de travessia no Mediterrâneo vivem em condições precárias

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Ao chegarem finalmente na Itália, sobreviventes da perigosa travessia clandestina pelo Mediterrâneo têm que enfrentar muitas dificuldades. Entre elas a burocracia para a emissão de documentos, a falta de infraestrutura nos alojamentos e problemas com a legislação local.

Desembarque de imigrantes em Augusta, na Itália.
Desembarque de imigrantes em Augusta, na Itália. REUTERS/Antonio Parrinello
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Da correspondente da RFI em Roma, Gina Marques

Assim que chegam à Itália, os imigrantes que chegam ao país passam por uma triagem e depende do funcionário de turno e da disponibilidade de lugares. Eles são levados para estruturas que se distinguem em três tipos: centros de acolhimento temporário (CDA), centros de acolhimento para os requerentes de asilo (CARA) ou os centros de identificação e expulsão (CIE).

Segundo o Ministério do Interior, existem 1.657 centros de acolhimento temporário na Itália. Todos estão lotados. Estima-se que atualmente estes centros abriguem cerca de 80 mil imigrantes. Aqueles que pedem asilo deveriam ficar no máximo 35 dias nos centros de acolhimento, mas acabam permanecendo de 9 meses a um ano. Sem contar que as regiões do sul, a parte mais pobre da Itália, são as mais penalizadas com maior número de imigrantes hospedados em estruturas precárias.

O governo italiano fez um apelo às regiões do norte, mas eles alegam que não tem condições adequadas para receber os imigrantes. Enquanto isso, muitos desses estrangeiros vivem em abrigos improvisados, dentro de construções abandonadas, em barracos de plástico, sem serviços higiênicos, sem coleta de lixo. Depois de fugir da guerra ou da miséria, o calvário deles continua na civilizada porta de entrada da União Europeia.

Itália está longe de ser “Eldorado” sonhado pelos imigrantes

 A Itália não é o “Eldorado” europeu que muitos sonhavam. Assim que desembarcam, os imigrantes recebem alimentação e os primeiros socorros. Os casos mais graves são levados aos hospitais. Todos eles são identificados pelos serviços italianos de imigração que contam com a ajuda de intérpretes e voluntários. O problema é que a maioria chega sem documentos, perdidos durante a travessia ou porque não querem ser identificados.

Muitos evitam serem registrados na Itália porque pretendem chegar a outros países da União Europeia. Se eles forem identificados em território italiano, não podem se refugiar em outro país europeu. Segundo o tratado de Dublin, o pedido de asilo deve ser feito no país de ingresso, neste caso a Itália.

Obstáculos para obter o asilo na Itália

Para obter o asilo, a longa e complicada burocracia transforma o imigrante num sujeito passivo, imobilizado por decisões que ele não consegue compreender. Para pedir o asilo, a pessoa tem que provar que é perseguida no país de origem. A perseguição deve ser por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política. Para fornecer estas provas, eles têm que apresentar documentos e, considerando os países de origem comprovar a perseguição não é fácil. Além disso, muitos imigrantes fogem da miséria e o status de refugiado econômico não é previsto pela lei italiana. 

A clandestinidade é um crime na Itália

A imigração irregular e clandestina é considerada um crime que pode ser punido com a expulsão. A lei que criminaliza o imigrante clandestino foi aprovada pelo governo conservador de Silvio Berlusconi em 2009. Na época, muitos imigrantes foram expulsos e levados de volta para a Líbia com barcos e aviões fretados pela Itália.

 

 

 

 

 

 

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