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Linha Direta

Após eleições, neonazistas são terceira força política da Grécia

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Um fenômeno marcante nesta eleição foi o desempenho dos neonazistas do partido Aurora Dourada. Eles chegaram em terceiro lugar, com cerca de 7% dos votos, atrás do Syriza e dos conservadores da Nova Democracia. A eleição também marca novas alianças da política grega. Como não obteve maioria absoluta, o partido de extrema-esquerda Syriza deve se aliar ao pequeno partido conservador nacionalista Gregos Independentes, que elegeu 13 deputados. 

Extrema-esquerda vence eleições na Grécia.
Extrema-esquerda vence eleições na Grécia. REUTERS/Marko Djurica
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*Enviada especial da RFI a Atenas

A terceira colocação obtida pelo partido neonazista Aurora Dourada nas eleições legislativas desse domingo (25) é considerada preocupante. Desde o ano passado, sete deputados do Aurora Dourada, a cúpula do partido, estão na prisão. Todos indiciados por fazer parte de uma organização criminosa. Isso não atrapalhou, como muitos pensavam, o bom desempenho nas urnas. O Aurora Dourada elegeu 17 ou 18 deputados e constitui a terceira força política do Parlamento grego.

O cientista político Zanasis Diamandopoulos, da Universidade Pantheon de Atenas, considera o Aurora Dourada mais perigoso que outros partidos de extrema-direita europeus, como por exemplo o francês Frente Nacional, de Marine Le Pen. Segundo Diamandopoulos, os membros do Aurora Dourada militam pela destruição dos regimes democráticos. “Os neonazistas gregos não têm nada a ver com outros partidos populistas conservadores da Europa”, afirma Diamandopoulos. “Eles abusam da retórica demagógica dizendo que a pobreza é causada pelos governos democráticos”, explica. Entre os eleitores do Aurora Dourada existem muitos policiais e militares gregos.

Negociações para coalizão

Com a apuração praticamente encerrada, o Syriza não conseguiu por pouco, apenas duas cadeiras, a maioria absoluta de 151 deputados no Parlamento. A extrema-esquerda elegeu 149 deputados e deverá formar um governo de coalizão.

Tsipras conversa na manhã desta segunda-feira (26) com o parceiro mais provável, o pequeno partido conservador nacionalista Gregos Independentes, que elegeu 13 deputados. Pode parecer incoerente uma aliança entre duas correntes políticas opostas, mas os Gregos Independentes também são contrários à austeridade e esse ponto em comum abre espaço para um pacto. Se houver acordo, a Grécia pode ter um novo governo ainda hoje. Alexis Tsipras tomaria posse terça-feira ou quarta-feira.

O receio de um “Grexit”

A eleição de um governo de extrema-esquerda na Grécia causa nervosismo, nesta segunda-feira, nos mercados financeiros. A possibilidade de a Grécia sair da zona do euro preocupa governos e todo o sistema financeiro.

No discurso da vitória, ontem à noite, Tsipras disse que o novo governo está disposto a “cooperar e negociar com seus sócios europeus uma solução justa, sustentável e benéfica” para que a Grécia deixe de ser um país endividado e a Europa “volte a ser um continente de desenvolvimento, coesão social e solidariedade”, declarou o líder.

Tsipras acrescentou que vai dialogar de forma “franca” com os parceiros europeus e apresentar um programa de reformas com um plano financeiro de 4 anos. “Mas não vou aceitar que exijam da Grécia metas impossíveis e o reembolso de parcelas da dívida que não permitiriam reorganizar a produção do país”, destacou.

Tsipras vai defender os interesses dos gregos diante do FMI, em Bruxelas e na Alemanha, considerada responsável por essa ortodoxia que deixou a Grécia num beco sem saída. Mas ele sabe que uma saída da zona do euro e o retorno da dracma, a moeda grega, seriam ainda mais desastrosos para a Grécia. Agora começa uma fase de renegociação da dívida grega, que chegou a 175% do PIB, porém em outras bases.

O que é interessante notar é que se Tsipras for bem-sucedido na Grécia, ele pode dar impulso a outros movimentos anti-austeridade europeus, como o Podemos na Espanha, em Portugal e na Itália. As economias menores do sul da Europa também atingiram o limite do aperto orçamentário.

Fim da “humilhação”

A vitória do partido de extrema-esquerda Syriza, nas eleições legislativas antecipadas de domingo dá esperança de dias melhores aos gregos após cinco anos de programas de austeridade. A Grécia empobreceu, tem um milhão e meio de desempregados e urgências sociais, além de uma dívida colossal para ser renegociada. O líder do Syriza e futuro primeiro-ministro, Alexis Tsipras, tem enormes desafios pela frente.

A Grécia deu uma guinada e vai vivenciar uma experiência inédita com um partido de extrema-esquerda no poder. Enquanto os demais países da Europa são governados há décadas por forças tradicionais -liberais, conservadores e social-democratas -o pequeno país do sul da Europa elegeu um partido alternativo, relativamente novo, sem experiência de administração pública e com um programa ambicioso de esquerda.

Em seu primeiro discurso ontem à noite, diante de 8 mil pessoas, no centro de Atenas, Alexis Tsipras disse que "os 5 anos de humilhações e sofrimento dos gregos terminaram". Ele também afirmou que a troika de credores da Grécia, formada pelo FMI, a União Europeia e o Banco Central Europeu, não tem mais o que fazer em Atenas.

Logo em seguida, Tsipras suavizou o discurso dizendo que vai "dialogar de forma franca” com os parceiros europeus e apresentar um programa de reformas com um plano financeiro de 4 anos. Tsiparas enfatizou, por outro lado, que não vai mais aceitar que os credores façam exigências impossíveis à Grécia. Sua prioridade é a reorganização produtiva do país e não o pagamento da dívida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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