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Reportagem

Basílica de Belém passa Natal sem telhado e com menos turistas

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Internacionalmente conhecido pelos sinos e peregrinações, o pequeno Centro Histórico da cidade palestina de Belém, na Cisjordânia, guarda uma das mais antigas igrejas do mundo. A Basílica da Natividade foi construída no século 4 no lugar do nascimento de Jesus, segundo a tradição religiosa. O templo é o primeiro lugar palestino considerado patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO.

Igreja da Natividade, em Belém
Igreja da Natividade, em Belém REUTERS/Mussa Qawasma
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Richard Furst, correspondente da RFI Brasil na Cisjordânia

Tamanha importância histórica e arquitetônica foi desconsiderada por quase 600 anos, que agora exige reparos de proporções relevantes na estrutura, como os que estão sendo feitos atualmente. A primeira restauração em mais de meio milênio está atrasada, o que impossibilitou as celebrações natalinas sob o telhado recuperado.

A última reforma na basílica foi há mais de 150 anos, com reparos bem menores aos de agora, em fase de encerramento. Os trabalhos também incluem a recuperação dos vitrais, gravemente danificados pela ação do tempo e problemas com infiltração.

O estado de degradação do monumento, constatado por especialistas, está ligando a fatores como a disputa entre diferentes tipos de igrejas somada à arrecadação insuficiente de verba para manter o espaço. O comitê de restauração, afirma que a renda de US$ 3 milhões para a fase inicial da obra veio de fontes palestinas (em um pouco mais de 50% do montante). A outra metade são de contribuições do Vaticano, Hungria, França, Rússia e Grécia.

Um caso único na Terra Santa, todas as denominações cristãs acreditam que Jesus tenha nascido aqui. O foco principal da peregrinação está sob a cripta do altar: no chão, 14 pontas de uma estrela de prata indicam o local da manjedoura. O prédio é compartilhado por três seguimentos cristãos - a Igreja Católica Romana, a Ortodoxa grega e a armênia. A administração do templo está sob um acordo do século 19, conhecido como Status Quo, que atribui responsabilidades para a manutenção. Atritos entre os religiosos geram disputas territoriais entre os próprios cristãos e ocasionalmente resultam em brigas entre clérigos. O assunto é evitado pelos que trabalham no local.

Um guindaste gigante do canteiro de obras acabou fazendo parte da decoração para as festas. As comemorações seguem até meados de janeiro pelo calendário dos cristãos ortodoxos gregos e os armênios.

A tensão e escalada da violência entre palestinos e israelenses trouxeram uma queda drástica no turismo. A maioria do público é de moradores ou visitantes já habituados com o local e uma expectativa de 70 mil visitantes até janeiro. A tristeza não tirou a festa dos palestinos que colocaram um cartaz em frente à basílica pedindo por justiça.

Hotéis de Belém vazios

A Belém da época do nascimento de Cristo cheia de gente, estava com as hospedarias lotadas e José, ao lado da Virgem Maria, se acomodou em um estábulo para os animais, uma espécie de gruta usada como moradia. Agora, 2015 anos depois, os hotéis de Belém estão vazios. Segundo as expectativas do Ministério do Turismo palestino o número de quartos ocupados não chega a metade para visitantes estrangeiros.

No campo cheio de animais típicos do presépio natalino, hoje há muros dividindo Jerusalém da cidade natal de Cristo. Chamado de "Muro da Vergonha" ou de "medida de segurança" por outros, a estrutura também espanta os turistas. Na cidade em que Jesus nasceu, o povo ainda espera que algo aconteça.

 

 

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