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Participação de francês na decapitação de soldado sírio choca a França

A foto do jihadista francês, identificado no vídeo onde combatentes do grupo Estado Islâmico exibem as cabeças do refém americano Peter Kassig e de 18 soldados sírios, está estampada na primeira página dos jornais do país nesta terça-feira (18). A imprensa francesa tenta entender como um jovem, que teve uma vida normal no interior da França, se transformou em um assassino a serviço do grupo radical islâmico.

Capa dos jornais franceses Aujourd'hui en France, Libération, Le Figaro e L'Est Republican desta terça-feira, 18/11/14.
Capa dos jornais franceses Aujourd'hui en France, Libération, Le Figaro e L'Est Republican desta terça-feira, 18/11/14.
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Aujourd'hui en France apresenta a seus leitores o jovem jihadista francês como o "carrasco". O tabloide revela que o francês, identificado no vídeo do grupo Estado Islâmico, se chama Maxime Hauchard. Ele tem 22 anos e se converteu ao islamismo há cinco anos. Inicialmente, ele recebeu endoutrinamento religioso em uma escola muçulmana da corrente salafista na Mauritânia. Depois, em agosto de 2013, decidiu ir para a Síria participar da "guerra santa" (Jihad) ao lado dos extremistas.

A participação de Maxime nas cenas de horror do vídeo chocou a França, diz o jornal. Além do mais, as autoridades declararam ontem (17) que o caso de Maxime não é isolado. O tabloide informa que outro francês pode fazer parte do grupo de jihadistas que aparece no vídeo de propaganda das atrocidades do grupo Estado Islâmico.

Um tio de Maxime entrevistado pelo Aujourd'hui en France confessa não compreender o que levou seu sobrinho, educado na religião católica, a se transformar do dia para noite em um radical islâmico. O diário pede "uma luta incansável" contra as redes que recrutam os jovens em busca de identidade, como Maxime.

Além dos franceses, um estudante de Medicina britânico também estaria entre os algozes, destaca o jornal Libération

Recrutados pela internet

Le Figaro também retraça o itinerário do jovem jihadista francês. O jornal conservador diz que o percurso de Maxime Hauchard "dá medo". Sua identificação entre os carrascos do grupo Estado Islâmico, que pela primeira vez foram filmados com o rosto descoberto, é quase 100% certa e preocupa as autoridades francesas.

Depois de sua conversão, o jovem passou a se chamar Abou Abdallah al-Faransi, que significa "o francês em árabe". Em vídeos postados na sua conta no Facebook, Maxime disse que seu objetivo pessoal é “morrer como mártir”.

O secretário de segurança Pierre N'Gahane, responsável pelo programa de prevenção contra a radicalização de jovens na França, alerta que o movimento de partida de franceses para a Síria é intenso. Até o momento, 650 casos foram registrados, o que significa três a quatro casos por dia. A maioria desses candidatos à "guerra santa" é ingênua e frágil, analisa o secretário. Cerca de 90% dos jovens são recrutados pela internet, o que levou o governo a preparar uma campanha de contra-propaganda na web que será lançada no início de 2015.

Fenômeno antigo

Libération lembra que o fenômeno de jovens solitários, às vezes até menores de idade, que abandonam seu cotidiano para fazer a "guerra santa" começou há mais de 20 anos, mas atinge agora uma relevância inédita. Atualmente, 375 franceses estariam combatendo na Síria e no Iraque. Pelo menos 36 franceses já teriam morrido nos confrontos.

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