A OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos), baseada em Paris, lança nesta quarta-feira (25), um relatório internacional sobre professores, ensino e aprendizagem em 2013, conhecido como estudo Talis. Participaram do levantamento mais de cem mil professores e responsáveis de estabelecimentos de estudo fundamental e médio de 34 países-membros, além de outros, como o Brasil.
O objetivo do levantamento Talis, segundo a OCDE, é ajudar os países a melhor a qualidade da profissão, compreendendo melhor quem são os professores e como eles trabalham. O extenso levantamento faz o perfil do professor de hoje, sua formação, modo de trabalho e graus de satisfação.
Com exceção do Japão, as mulheres são a maioria na profissão. A média é de 68% de professoras. A idade média é de 43 anos – Cingapura tem os professores mais jovens e a Itália, os mais velhos. Mais de 90% possuem um diploma superior e fizeram uma formação pedagógica.
A principal constatação do Talis é de que a grande maioria dos professores gosta do que faz, mas sente falta de apoio e reconhecimento dentro da instituição escolar, e não se sente valorizada pela sociedade em termos gerais. Nove entre dez professores questionados se dizem satisfeitos com a profissão e quase 80% escolheria ser professor novamente se fosse o caso.
Mas menos de 30% dos entrevistados acham que o ensino é uma atividade valorizada pela sociedade. No Brasil, pouco mais de 10% dos professores acham que recebem o devido valor. Na França, o índice é ainda menor, cerca de 5%. Já na Malásia, mais de 80% dos entrevistados estimam que são valorizados.
Experiência para resolver problemas
Por outro lado, o Brasil lidera a lista dos que se empenham em alocar profissionais experientes para trabalhar em escolas problemáticas, ou seja, com alto índice de reprovações.
“O que vemos no estudo Talis é que os professores mais experientes, em geral, não trabalham em escolas difíceis, o que faz do Brasil uma exceção”, diz Eric Charbonnier, especialista em educação da OCDE. “É um dos poucos países que, graças a essa reforma, direcionou justamente a experiência para os estabelecimentos onde os índices de reprovação eram maiores, para as escolas onde os alunos precisam dessa experiência para poder administrar suas dificuldades escolares”, acrescenta.
A respeito dos pontos fracos do Brasil, Eric Charbonnier destaca o setor de formação dos professores: “é necessário refletir sobre a formação dos profissionais que o Brasil precisa, oferecer condições para que os professores experientes desenvolvam suas capacidades e também sobre a questão de avaliações. Hoje em dia as avaliações são administrativas demais. É preciso que elas avancem em relação a resultados práticos para o desenvolvimento da formação profissional e para o avanço das carreiras. Isso é verdade para todos os países da OCDE e para o Brasil também”.
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