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Fato em Foco

Livro de brasileira compara favelas cariocas a campos de refugiados palestinos

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Antropóloga estudou durante seis anos as condições de vida de refugiados palestinos no Líbano e moradores de uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro, a do Acari. Apesar de condições geopolíticas diferentes, ambos são submetidos a mecanismos semelhantes de exclusão social e utilizam mesmas estratégias de ativismo.

O livro da antropóloga Amanda Dias compara a realidade social da favela à de um campo de refugiados palestinos.
O livro da antropóloga Amanda Dias compara a realidade social da favela à de um campo de refugiados palestinos. Wikipédia/
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Quando visitou pela primeira vez o campo de refugiados palestinos de Baddawi, no norte do Líbano, em abril de 2004, a antropóloga brasileira Amanda Dias se espantou com a semelhança visual entre o local e uma favela carioca. Estabelecido há mais de 60 anos, o campo passou de um amontoado de barracas para uma verdadeira cidade; uma paisagem parecida com a dos morros cariocas. Ruelas, carros, lajes e fiações elétricas expostas... A partir disso, ela decidiu fazer sua tese de doutorado centrada na comparação entre os dois espaços. Seis anos depois, o trabalho virou livro, que acaba de ser publicado na França, com o título de Aux marges de la ville et de l'Etat (Às margens da cidade e do estado, em tradução livre).

O estudo, porém, não se limita a listar o que ambos têm em comum. O foco é como artistas e ativistas dessas comunidades, chamados pela autora de "intelectuais das margens", tentam quebrar os mecanismos de exclusão social em ambos os lugares. "Apesar de todas as diferenças, os obstáculos são parecidos. Tanto os moradores das favelas quanto de campos sofrem um estigma social muito forte, que resulta em desemprego, sentimentos de revolta... Construí minha tese por meio de três eixos: como eles percebem a marginalizão social e política, as condições de habitação (ambos ficam na periferia, e nem aparecem e determinados mapas), e sobre como os 'intelectuais das margens' agem para tentam romper esse ciclo vicioso", comenta Dias. Outra semelhança muito marcante tratada no livro é a atuação do estado em ambos os espaços, que é feita na maioria dos casos com violência.

O livro ainda só existe na versão em francês, mas uma edição em português não deve tardar. A pesquisa, conduzida na Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais de Paris, teve a Universidade Estadual do Rio de Janeiro como instituição parceira. Clique acima para ouvir a reportagem com a autora.

O livro pode ser comprado pela internet, por 29 euros, cerca de R$87.
 

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