A deposição do presidente egípcio Mohamed Mursi foi um golpe de Estado ou uma segunda revolução popular depois da Primavera Árabe? Os líderes ocidentais preferiram tratar o tema com cautela e não se referir à destituição do presidente eleito como golpe. Entre analistas, as posições se dividem.
Mursi foi deposto do poder pelo Exército egípcio, nesta quarta-feira, após dias de manifestações e pressão popular contra o chefe de Estado. Os militares suspenderam a constituição e fecharam canais de televisão próximos ao presidente deposto. Mas também anunciaram que organizarão eleições antecipadas e nomearam um civil, o chefe da Suprema Corte Constitucional, Adly Mansour, como presidente interino.
O povo egípcio comemorou nas ruas a queda de Mursi, que vinha sendo criticado por exercer o poder de forma autoritária, limitar as liberdades individuais e religiosas e não conseguir melhorar a situação econômica do país que se encontra em meio a uma grave crise.
Diante deste cenário, Didier Billon, analista do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), de Paris, afirma que a situação é bastante clara. Trata-se de um golpe militar. Para Billon, os países ocidentais preferem não falar de golpe porque temem agravar a situação do Egito e gerar mais instabilidade política. O que segundo ele, é uma atitude simplista, já que o que deve agravar realmente a situação do país são as tensões e a polarização política que existem na sociedade egípcia.
Isabel Alcairo, pesquisadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) pondera. Segundo ela, com a escolha de Mansour para presidente interino, os militares enviam a mensagem de que não pretendem permanecer no poder, para a comunidade internacional.
Segundo o escritor e jornalista egípcio radicado na França, Robert Solé, o Exército teme perder seus privilégios e por isso, se esforça para manter a estabilidade política. De acordo com ele, a posição dos militares pode depender da situação futura do Egito.
Ouça estas análises no programa Fato em Foco.
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