Paris quer fechar o cerco contra o uso de carros

Os carros foram designados os inimigos públicos número 1 em Paris. Desde 2010, a prefeitura da capital francesa se empenha em convencer as pessoas a abandonarem os veículos particulares, por bem ou por mal, para diminuir a poluição. Nesta semana, um novo capítulo desta guerra provoca polêmica. O prefeito Bertrand Delanoë anunciou o plano de reduzir a velocidade máxima permitida em algumas regiões da cidade para até 30km/h, enquanto que a velocidade autorizada no anel periférico que dá acesso a Paris pode cair de 80 para 70km/h.

Trânsito congestionado na avenida Champs-Elysées, em Paris. Flickr/jfgornet

A medida vai ser debatida em novembro, quando poderá ser aprovada, mas desde agora já recebe críticas dos maiores interessados, os usuários. A associação Automobile Club, que defende os interesses dos apaixonados por carros, acha que medidas de incentivo à compra de veículos menos poluentes seriam mais eficientes, como explica Roger Braun, diretor-geral da entidade. "Na realidade, essas medidas são simbólicas, para mostrar aos motoristas que eles não são bem-vindos em Paris, mas a eficácia técnica delas é realmente questionável", afirma.

O pesquisador Paulo Saldiva, médico especialista em poluição atmosférica pela USP, confirma o diagnóstico: a queda da velocidade acarreta mais poluição, mas tem um poder grande de fazer as pessoas abandonarem o carro.

Nos últimos anos os estacionamentos são cada vez mais difíceis de se encontrar, as calçadas não param de ser ampliadas e o transporte público se aprimora. Além disso, o serviço de aluguem de bicicletas, o Vélib, têm mais de 250 mil usuários e um projeto derivado, o Autolib, de locação de carros elétricos, também caiu no gosto dos parisienses.

Outra proposta que faz parte do novo pacote de Bertrand Delanoë é a de proibir, a partir de 2014, a circulação de carros com mais de 17 anos, os que mais poluem. Nos últimos 10 anos, a circulação de automóveis caiu 25% em Paris. Somente 7% dos parisienses utilizam seus carros diariamente.