“Hoje, as grandes potências e os governos vizinhos já estão pensando no futuro da Síria sem Bashar. A oposição ainda não tem condições de tomar o poder em Damasco, mas todo mundo sabe que o clã alauíta dos Assad está condenado e vai cair, mais dia menos dia. A questão hoje é como administrar o que vem depois. Para os Estados Unidos e a Europa, a primeira preocupação é o arsenal de armas químicas do regime sírio. Damasco acaba de reconhecer oficialmente que possui este tipo de armas, ameaçando utilizá-las só em caso de ataque externo. Pode ser. Mas quem garante que uma ditadura desesperada, com as mãos cheias de sangue, não vai acabar usando essas armas contra a própria população? O déspota iraquiano Saddam Hussein não gaseou 6.000 pessoas na aldeia curda de Halabja, em 1988? Mas o problema é também o que vai acontecer com este estoque de armas na hora em que o atual poder cair. É muito provável que haja, no mínimo, um período de caos interno e não é possível aceitar que qualquer um, terroristas ou governos, ponha as mãos neste tipo de armamento. Claro, em Washington já existem planos para uma intervenção de forças especiais para garantir a segurança dos depósitos de armas químicas. Mas a melhor solução continua sendo a de tentar evitar um caos generalizado.” Ouça a crônica de política internacional de Alfredo Valladão.
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