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Le Figaro detalha grandes mudanças na política de defesa do governo Hollande

Neste 14 de julho, data em que os militares franceses estão em evidência, o jornal conservador Le Figaro revela a nova estratégia de defesa do presidente socialista François Hollande. O diário conta que o governo prepara uma nova lei de programação militar para o período de 2014 a 2019, e introduz mudanças importantes no modo de funcionamento e de tomada de decisões no setor.

A Patrulha da França em imagem feita neste 14 de julho de 2012 sobre a avenida Champs Elysées.
A Patrulha da França em imagem feita neste 14 de julho de 2012 sobre a avenida Champs Elysées. Reuters/Gonzalo Fuentes
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Segundo o Le Figaro, o presidente socialista quer mais diálogo e interação entre os poderes. Para isso, criou uma comissão permanente com membros das Forças Armadas, representantes do executivo, do Senado e da Assembleia Nacional, que vão se reunir com freqûencia em grupos de trabalho. A maior novidade, de acordo com o Le Figaro, é que esses debates também terão a participação de representantes da Alemanha e do Reino Unido, assim como emissários de certos países asiáticos aliados da França. São citados pelo jornal Índia e Malásia.

"Esta abertura é um sinal claro de que Hollande contextualiza a política francesa de defesa num quadro europeu e ainda ao lado de seus dois principais parceiros no bloco", avalia o Le Figaro. Para o Palácio do Eliseu, prossegue o jornal, a defesa europeia deve se apoiar em quatro países associados à França: Alemanha, parceiro histórico do projeto europeu; Reino Unido, primeiro parceiro militar; Itália, o mais importante aliado industrial; e Polônia, potência da Europa oriental.

A nova política de defesa francesa deverá levar em conta mudanças geopolíticas. A Primavera Árabe criou um novo tipo de instabilidade na região sul do Mediterrâneo e passa a ser uma ameaça em potencial. O fato de os Estados Unidos terem deslocado a maioria de seu arsenal militar para a região do Pacífico e a costa da China obriga os europeus a reforçar a defesa no flanco ocidental do continente, no oceano Atlântico, acrescenta o Le Figaro.

Outro fator de risco é a crise econômica, que fragiliza as despesas com defesa na Europa. Segundo Hollande, "os gastos com programas militares aumentam em todo o mundo menos na Europa". Durante a campanha, Hollande prometeu que, apesar da crise, os gastos com defesa não seriam a variável de ajuste no orçamento público. "Todos participarão do esforço para o desendividamento do país, mas nada será feito ao preço de colocar em risco nossa segurança, nossa soberania e nosso status de potência", declarou o presidente francês.

Libération: a força de dissuasão nuclear francesa

O jornal progressista Libération aborda a polêmica do momento: vale a pena continuar gastando milhares de euros na força de dissuasão nuclear francesa? O debate pegou fogo recentemente quando o ex-primeiro-ministro Michel Rocard e o ex-ministro da defesa Paul Quilés, além de políticos ecologistas, disseram que era dinheiro jogado fora.

Com um custo orçado em 3,3 bilhões de euros ao ano, a força de dissuasão francesa representa 10% do orçamento militar global, mas absorve cerca de 20% dos créditos de equipamentos. Em fórmula reduzida representa 0,3% do PIB francês.

Um especialista afirma ao Libération que não é isso que vai acabar com a dívida francesa. Outro questiona: "que presidente vai querer passar para a história como aquele que desmantelou a dissuasão francesa?". O ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, e o próprio Hollande lembram que o arsenal nuclear francês é como um seguro de vida: garante o lugar da França como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Ao visitar um submarino nuclear na semana passada, Hollande reafirmou o apego da França à sua força de dissuasão.

O Libération faz um inventário do arsenal francês: quatro submarinos nucleares; um esquadrão de 20 caças Mirage; um esquadrão de 20 caças Rafale. No plano industrial, um imenso setor (EADS, Dassault, Thalès etc.) com trabalho o ano inteiro.

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