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Avignon/Teatro

Primavera árabe chega até o Festival de Avignon

Os ventos de liberdade que sopraram recentemente nos países da África do Norte cruzaram o Mar Mediterrâneo e chegaram este ano ao Festival de Avignon. No programa do Avignon Off, uma peça de uma jovem tunisiana, criada às vésperas da queda de Ben Ali, duas montagens sobre a história da Argélia e um monólogo sobre os traumatismos da educação islâmica, encenado e interpretado por um marroquino.

Cartaz oficial do espetáculo "Les Oranges".
Cartaz oficial do espetáculo "Les Oranges". RFI / Maria Emília Alencar
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Enviada especial a Avignon

O Teatro Nacional Tunisiano traz para o Festival de Avignon este ano a peça Mémoire en Retraite, escrita e dirigida por uma jovem advogada que se interroga sobre as questões políticas e sociais de seu país. Mériam Bousselmi criou a peça pouco antes da Primavera Árabe na Tunísia. Utilizando o pretexto do Mal de Alzheimer, ela questiona não somente a relação pai-filho, mas se interroga sobre a relação de opressão entre um ditador e seu povo.

A Guerra da Argélia, as relações com a França colonialista e a falta de liberdade são temáticas presentes no espetáculo Les Oranges, de Aziz Chouaki, que já fez bastante sucesso numa temporada de 4 meses no Thêatre Lucernaire em Paris. Aziz utiliza o conto, misturando a realidade histórica e a ficção para tratar, com humor, do difícil caminho pela liberdade, percorrido e a percorrer pelo povo argelino.

Ainda sobre a Guerra da Argélia, dois franceses, Jerôme Ferrari e François Duval, na peça Où j’ai laissé mon âme tratam de temas dolorosos como a tortura, através da personagem complexa de um tenente francês ultra patriota.

Como se livrar da educação islâmica

O marroquino residente na França desde 1977, Abel Aboualiten, interpreta em Avignon a peça Je suis un prophète, c’est mon fils qui l’a dit, um monólogo que trata da herança das tradições e da religião, «o peso nos deixado por nossos antepassados, como se estivesse em nossos genes», diz ele.

Ao mergulhar em suas lembranças de infância, Abel, nascido no Marrocos de pais bérberes, denuncia o obscurantismo do Islã e de certas práticas hipócritas. Num espetáculo de uma hora, ele trata de seu combate para se livrar da «película invisível contaminada por tantas falsas verdades».

Ele critica uma comunidade que o condena a fazer parte dela, mesmo quando ele recusa seus preceitos. «Uma comunidade que se dá o direito de se apropriar de nossa identidade para sempre» - resume. Com este monólogo, Abel Aboualiten pretende denunciar não só o Islã, mas a cegueira imposta, segundo ele, por todas as religiões.

Peças no circuito Avignon Off:

Mémoire en Retraite de Mériam Bousselmi, de 16 a 20 de julho no Teatro L’Entrepot, Avignon

Les Oranges de Aziz Chouaki – de 7 a 28 de julho, Teatro Petit Louvre, Avignon.

Où j’ai laissé mon âme de Jerôme Ferrari e François Duval, de 7 a 28 de julho, Teatro Petit Louvre

Je suis un prophète, c’est mon fils qui l’a dit de Abel Aboualiten, de 7 a 28 de julho, Teatro Des Amants, Avignon.
 

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