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Líbia/Eleições

Eleições na Líbia podem levar islâmicos ao poder

As eleições legislativas na Líbia no sábado poderiam levar os islâmicos ao poder, como foi o caso na Tunísia e no Egito depois da Primavera árabe, mas os liberais, apoiados pelos líderes da revolução líbia, se dizem confiantes na vitória.

Cartazes da campanha eleitoral em Bengazi. Os líbios vão às urnas nesta sábado (7) escolher uma Assembleia constituinte.
Cartazes da campanha eleitoral em Bengazi. Os líbios vão às urnas nesta sábado (7) escolher uma Assembleia constituinte. REUTERS/Esam Al-Fetori
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Mais de 100 partidos estão nas listas eleitorais para a votação histórica deste sábado. Os líbios vão às urnas escolher uma assembleia que terá a responsabilidade de elaborar a constituição do país.

Depois de 40 anos de ditadura de Muamar Kadhafi, os prognósticos são difíceis, mas três partidos saem claramente na frente: o Partido da justiça e da construção (PJC), próximo à Irmandade muçulmana, o Al-Watan, dirigido pelo ex-chefe militar Abdelhakim Belhaj e os liberais reunidos na coalizão lançada por Mahmoud Jibril, ex-primeiro ministro do Conselho nacional de transição (CNT), atualmente no poder.

“Nós não temos pesquisas de opinião, então não temos ideia se somos fortes ou fracos”, declarou o ex-ministro de Finanças e do Petróleo do CNT, Ali Tarhouni, dirigente do Partido Nacional Centrista (PNC), que faz parte da coalizão de Jibril.

Já Mohammed Sawan, chefe do PJC, afirmou que seu partido tem fortes “bases populares” e, portanto, grandes probabilidades de ganhar. “Nós pensamos que o Congresso nacional precisa de um bloco sólido, que disponha de apoio popular em toda Líbia”. Ele acredita que se não tiverem apoio, os liberais terão grandes dificuldades de dirigir o país.

De acordo com Sawan, é mais provável que o PJC se alie a partidos “ideologicamente próximos” para formar um bloco islâmico sólido, se referindo ao Al Watan ou à Frente de salvação nacional líbia, uma organização criada no exterior pelos opositores no exílio durante a ditadura de Kadhafi.

Islã e modernidade

Apesar da força dos islâmicos nesta sociedade conservadora, a coalizão de Jibril, que reúne mais de 40 pequenos partidos e 200 organizações, acredita que tem chance de ganhar.

O grupo conta com personalidades admiradas por grande parte dos líbios, como Tarhouni e Jibril, que ganharam credibilidade durante o conflito que derrubou o regime de Muamar Kadhafi.

“Nosso objetivo é obter a maioria. Nós veremos mais tarde se temos necessidade de alianças com outros blocos”, declarou Faiçal al Kreikshi, secretário geral da Aliança das forças nacionais.

“Para reconstruir a Líbia, nós precisamos de especialistas”, disse ele, sublinhando a fraqueza do governo atual e do CNT, dominados pelos islâmicos, segundo ele.

Das 200 cadeiras da Assembleia nacional, 120 foram reservadas às candidaturas individuais e as 80 restantes aos movimentos políticos. Mas isto não impediu alguns partidos de apoiarem candidatos individuais.

Durante a campanha eleitoral, os candidatos, islâmicos ou liberais, adotaram quase os mesmos temas: islã, reconstrução e modernidade.

Na ausência de tradições democráticas, são principalmente as relações sociais e tribais que fazem a diferença. “Nenhum candidato participou de eleições antes. Eles largam todos da mesma linha de saída”, lembrou Carlo Binda, diretor do National Democratic Institute na Líbia.
 

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