Incêndio em bairro popular de Paris deixa oito mortos

Um incêndio de origem ainda não esclarecida deixou oito mortos, entre eles duas crianças, na madrugada desta quarta-feira (2), no bairro parisiense de La Goutte-d’Or, no 18º distrito, norte da Capital. O fogo foi controlado pelos bombeiros, e a investigação não descarta que o incidente tenha origem criminosa.

Bombeiro em frente ao local do incêndio no bairro Goutte-d'Or. AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD

O que levanta a suspeita de incêndio intencional é o fato de os bombeiros terem sido chamados duas vezes na mesma noite para conter as chamas, com um intervalo de algumas horas. Na primeira ocorrência, às 2h33, os bombeiros foram acionados para apagar um incêndio no pátio interno do prédio, localizado na rua Myrah.

O primeiro fogo, de pequenas proporções e iniciado em folhas de papel, foi controlado sem dificuldades pelos bombeiros, que deixaram o local. Duas horas depois, foram chamados novamente, dessa vez para enfrentar um incênido de grandes porporções, iniciado novamente no térreo e que se espalhou rumo aos andares superiores, através da escada. Mais de 100 bombeiros foram mobilizados para combater o fogo.

Salto pela janela

“Vi duas pessoas pulando pela janela, foi horrível”, relatou um vizinho ao canal de BFMTV. “Elas tentavam manter a cabeça para fora da janela para respirar. O fogo queimou pelo menos três andares”, disse ele.

O ministro francês do interior, Bernard Cazeneuve, que foi até o local do incêndio acompanhar a investigação, disse que ainda é cedo para “determinar a causa desse drama”. O porta-voz do ministério, Pierre-Henry Brandet, disse que a hipótese de fogo intencional não é descartada. “É claro que quando se tem duas ocorrências na mesma noite, não podemos ignorar que pode ser um ato intencional.”

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, também presente no local, disse que o prédio é de propriedade privada, embora o bairro seja conhecido por ter muitos imóveis públicos destinados à moradia popular de pessoas de baixa renda. A rua Myrah é um tradicional reduto de imigrantes árabes e se tornou alvo de polêmica, em 2011, quando o então ministro do Interior tentou proibir as rezas muçulmanas coletivas, que chegavam a reunir mil pessoas, interrompendo o fluxo na via.