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França/Polêmica

Garota é agredida por usar biquíni em parque na França

O caso chocou a opinião pública francesa e invadiu as redes sociais do país no último fim de semana. Uma jovem de 21 anos foi espancada por cinco garotas em um parque, na cidade de Reims, no norte da França. O motivo: a vítima portava um biquíni, o que foi considerado inadequado pelo grupo. Uma história que tomou uma dimensão muito além da indignação.

Neste domingo (26), poucos participaram do protesto no parque Leo Lagrange, em Reims, onde uma moça foi agredida na última quarta-feira (22) por usar biquíni.
Neste domingo (26), poucos participaram do protesto no parque Leo Lagrange, em Reims, onde uma moça foi agredida na última quarta-feira (22) por usar biquíni. Captura vídeo
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Na última quarta-feira (22), três amigas, vestidas com short jeans e o sutiã do biquíni, bronzeavam no parque público de Léo-Lagrange de Reims. Diante delas, um grupo de cinco garotas, de 16 a 24 anos, critica o fato de as moças ostentarem os corpos. "Vão se vestir, não está calor!", alfineta uma das jovens. "Só para você, que tem esse corpo de carregador de mudança", responde a outra.

Foi o suficiente para o grupo partir para a violência física. As amigas da moça que foi alvo das violências tentam, em vão, acabar com a briga. Só a chegada da polícia consegue apartar o grupo. As cinco agressoras são detidas e a vítima é levada para o hospital de Reims.

Falsa agressão religiosa

A história não sairia da editoria de polícia do jornal local de Reims se não fosse sua grande repercussão nas redes sociais. No fim de semana, o caso começa a ser noticiado pela mídia nacional como uma agressão religiosa. Grupos de direita publicam mensagens virulentas na internet.

Logo depois, é a vez de políticos se pronunciarem. Para o prefeito de Reims, Arnaud Robinet, a agressão "é intolerável no território francês". O vice-presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional declara que uma garota foi linchada por "viver à francesa".

Um responsável da luta contra o racismo na França, Gilles Clavreul, ratificando que as violências tiveram motivo religioso, escreve no Twitter: "Agressão escandalosa que pede punições exemplares". Clavreul também critica o silêncio dos "defensores da liberdade vestimentária", em referência ao caso de uma estudante muçulmana que foi alvo de polêmica devido ao comprimento longo de sua saia.

Manifestação em defesa do biquíni

A Ong SOS Racismo toma as dores e convoca uma manifestação contra a agressão no parque que foi palco da briga das garotas. O movimento ganha nome e hashtag #JePorteMonMaillotAuParcLeo (uso meu biquíni no Parque Leo). Menos de dez pessoas atendem ao apelo e comparecem ao local em traje de banho em um dia de verão sem sol, no qual os termômetros não ultrapassaram 15 graus. No Twitter, internautas não perdem a oportunidade de fazer piada: "Protesto no Parque Leo: três pessoas de biquíni. Há mais jornalistas do que manifestantes".

No mesmo momento do protesto, neste domingo (26), a polícia divulgava que o caso não teve nenhum caráter religioso. Ou como o próprio prefeito de Reims classificou, ao mudar o tom discurso: "foi uma grande besteira". "É intolerável estigmatizar uma comunidade sem conhecer a fundo o caso", reiterou, em uma tentativa de colocar um fim à polêmica que ele próprio ajudou a inflamar.

Caso de polícia

Nesta segunda-feira (27), a polícia de Reims informou que as cinco garotas serão interrogadas por um juiz. A principal agressora, de 17 anos, será ouvida pelo Juizado da Infância. A vítima, gravemente ferida, foi hospitalizada e afastada do trabalho durante quatro dias.

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