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França

Governo francês impõe reforma econômica por decreto e abre crise

O governo francês não quis pagar para ver se a Lei Macron, o conjunto de reformas econômicas que é a vedete da gestão François Hollande, seria ou não aprovada pela Assembleia Nacional. Pouco antes da votação, na tarde desta terça-feira (17), o primeiro-ministro Manuel Valls lançou mão do artigo 49-3 da constituição que prevê a “responsabilidade do governo”. Na prática, a medida possibilita a adoção de um projeto sem que ele passe pelo poder legislativo.

Manuel Valls discursa no congresso antes da votação da Lei Macron.
Manuel Valls discursa no congresso antes da votação da Lei Macron. REUTERS/Charles Platiau
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A Lei Macron, cujo texto passou por mais de 200 horas de debate no congresso, é um conjunto de medidas de dinamização que tem por objetivo “desbloquear” a economia francesa. Ela prevê a ampliação do trabalho aos domingos e a flexibilização das relações de trabalho, ainda que de forma bastante tímida. Para os padrões franceses, no entanto, seria um passo "liberalizante" que a ala mais à esquerda do Partido Socialista não estaria disposta a bancar.

Diante da resistência na base de apoio do governo e do possível vexame em caso de aprovação contando com votos da oposição, o primeiro-ministro disse que “não correria o risco”. “Temos maioria sobre este tema, mas ela não é certa. E eu não vou correr o risco de uma rejeição de um projeto tão importante”, declarou Manuel Valls, antes de ser vaiado pelos parlamentares.

Sarkozy: “não há mais maioria”

No início da tarde, quando começava a ficar claro que o projeto corria risco, Valls convocou o Conselho de Ministros em uma reunião de urgência e obteve o sinal verde do presidente François Hollande para recorrer ao dispositivo constitucional.

O artigo 49-3, que não era evocado desde 2006, só pode ser utilizado pelo governo uma única vez. A oposição já deu início a uma moção de censura, que será apreciada nas próximas 24 horas. A moção, caso aprovada, tem o poder de derrubar o governo e o primeiro-ministro, mas este não deve ser o caso.

No passado, quando na oposição, o presidente François Hollande chegou a fazer discursos afirmando que “recorrer ao artigo 49-3 é uma brutalidade, uma negação da democracia.” O ex-presidente Nicolas Sarkozy, atual presidente da UMP, principal partido de oposição, se pronunciou através das redes sociais minutos após o desfecho da lei: “A verdade explode publicamente: não há mais maioria (no congresso), nem governo”.
 

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