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França/Justiça

Direita francesa quer CPI para investigar abusos nas escutas de Sarkozy

O escândalo de escutas telefônicas do ex-presidente Nicolas Sarkozy e de seu advogado, Thierry Herzog, atinge o governo socialista de François Hollande e aquece a campanha eleitoral a 12 dias do primeiro turno das eleições municipais. O partido conservador UMP, maior força de oposição ao governo, exige a formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o que a legenda considera uma "espionagem política" do ex-chefe de Estado.

A ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira.
A ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira. Parti Radical de Gauche / Felimage / DR
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A descoberta que o ex-presidente Nicolas Sarkozy e seu advogado estão sob escuta judicial desde abril do ano passado, conforme revelou o jornal Le Monde na sexta-feira, provocou indignação entre advogados e políticos da direita francesa. Ontem, a situação piorou depois que o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault admitiu no telejornal do canal 2 que tinha conhecimento do caso, assim como a ministra da Justiça, Christiane Taubira. No dia anterior, Taubira havia negado estar informada das escutas quando foi entrevistada para o mesmo telejornal.

O secretário-geral da UMP, Jean-François Copé, exige a demissão de Taubira "por ela ter mentido aos franceses". A ministra declarou, nesta tarde, que não vai renunciar ao cargo.

As escutas autorizadas por duas juízas no âmbito de uma investigação sobre financiamento ilegal da campanha presidencial de 2007, caso que ficou conhecido como "escândalo Bettencourt", são consideradas abusivas por vários advogados. A Ordem dos Advogados francesa chegou a enviar uma carta a Hollande denunciando a violação do sigilo profissional do advogado e de seu cliente. 

Suspeição de manobra da esquerda

O fato de Sarkozy e de seu advogado terem continuado sob escuta, mesmo depois de o chefe de Estado ser inocentado no processo Bettencourt, criou a suspeição de manobra política dos socialistas para impedir o possível retorno de Sarkozy à política na disputa presidencial de 2017.

A ministra da Justiça, o ministro do Interior, Manuel Valls, e o primeiro-ministro estavam por dentro do caso desde o dia 26 de fevereiro, revelou o jornal Le Canard Enchaîne. O premiê francês, tentando frear as críticas, confirmou ontem a revelação, mas garantiu que o governo desconhece o conteúdo das escutas.

Muitos comentaristas lembram as escutas que eram praticadas em larga escala no governo de François Mitterand (1916-1996), mentor de Hollande. Hollande prometeu receber os representantes da Ordem dos Advogados indignados com as escutas.

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