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Ciganos/Discriminação

Vizinhos obrigam ciganos a deixar acampamento em Marselha

Moradores de Marselha, no sul da França, obrigaram nesta quinta-feira à noite um grupo de ciganos a deixarem um acampamento em um bairro no norte da cidade. O fato provocou reações indignadas de associações locais e uma polêmica entre os políticos da cidade nestqa sexta-feira.

Um cinegrafista filma os restos de um acampamento cigano cujos habitantes foram expulsos por moradores de Marselha.
Um cinegrafista filma os restos de um acampamento cigano cujos habitantes foram expulsos por moradores de Marselha. Reuters
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Cerca de cinquenta ciganos que haviam tomado posse no último domingo de um terreno baldio no bairro Saint-Louis foram obrigados a fugir sob as ameaças dos moradores, que em seguida queimaram os restos do acampamento improvisado.

"Os habitantes do acampamento (40 adultos e 15 crianças, oito trailers e 13 carros) indicaram espontaneamente que queriam deixar o local, o que eles fizeram sob proteção policial, abandonando no lugar seus alojamentos improvisados, assim como seus detritos e diversos móveis", disse a polícia em um comunicado nesta sexta-feira. Os policiais também especificaram que não houve violência física.

A origem do incêndio que queimou alguns dos objetos deixados pelos ciganos está sendo investigada pela justiça francesa.

Os moradores haviam pedido às autoridades locais que expulsassem os ciganos, mas foram avisados de que era preciso uma decisão prévia da justiça, o que teria levado muito tempo.

Polêmica

A senadora socialista Samia Ghali, prefeita do 15° e do 16° distrito de Marselha, afirmou ter recebido na quinta-feira de manhã habitantes do bairro que acusaram os ciganos de praticarem roubos e de "sujarem tudo". Interrogada sobre o gesto dos moradores, ela respondeu: "Eu não os condeno nem os aprovo, mas eu os compreendo, quando os poderes públicos não tomam nenhuma providência".

A senadora já havia causado polêmica em agosto ao sugerir que o exército deveria enviar tropas para controlar a violência na cidade.

Em uma resposta implícita a Samia Ghali, o prefeito de Marselha, Jean-Claude Gaudin, disse nesta sexta-feira que as "declarações insensatas" da senadora fizeram com que "as pessoas pensassem que estão autorizadas a resolver elas mesmas os problemas".

"Não podemos deixar que milícias sejam criadas nem deixar que as pessoas resolvam os problemas de ordem pública, mesmo se podemos compreender a exasperação delas", acrescentou o prefeito. Ele disse ter "conseguido, sem fazer propaganda," reduzir o número de acampamentos de ciganos de 60 para 25.

As associações que trabalham com questões de direitos humanos e integração dos ciganos na sociedade francesa temem que esse episódio estimule novos atos de perseguição contra essa comunidade.

Para a Liga Internacional contra o racismo e o antisemitismo, "somente a consideração do aspecto social da questão e o respeito da lei permitirão uma redução das tensões".

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