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Islã/Protestos

Líder da extrema-direita francesa diz que "ditadura laica" é melhor que "ditadura islâmica"

A presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, afirmou nesta segunda-feira à rádio RTL que a manifestação islâmica não autorizada do último sábado diante da embaixada americana em Paris marcava o início de um processo de "intimidação" por parte dos fundamentalistas islâmicos. O incidente abriu um grande debate na França sobre uma nova lei para reforçar o arsenal legislativo contra a radicalização de certos jovens franceses.

Marine Le Pen durante entrevista na Rádio RTL , em 17 de setembro de 2012.
Marine Le Pen durante entrevista na Rádio RTL , em 17 de setembro de 2012. RTL
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"É uma demonstração de força dos fundamentalistas islâmicos, é uma intimidação. Essas correntes islamitas estão no poder graças a nós, aos americanos, à França. E evidentemente, eles têm um poder considerável sobre nossas sociedades ocidentais, e na minha opinião essas manifestações são somente o início da intimidação", disse Marine Le Pen à rádio francesa RTL.

"Um regime totalitário laico é preferível a um regime totalitário islâmico", insistiu a presidente da Frente Nacional. "Essa é a minha opinião e certamente a das populações às quais a lei da charia é imposta. Na Tunísia, no Egito e na Líbia, os direitos das mulheres não param de regredir", acrescentou. 

"Quando vejo esse tipo de manifestação, eu me preocupo com os investimentos que o Catar está fazendo, com a aprovação do nosso governo, nas periferias francesas, onde evidentemente o objetivo não é humanitário, mas político", afirmou Marine Le Pen, fazendo referência a um projeto de fundo de investimento do Catar de € 50 milhões em favor das periferias, mas que foi abandonado de comum acordo com o governo francês.

Segundo ela, a manifestação não autorizada de sábado mostra "que nosso sistema de informações é extremamente fraco, pois deveríamos conhecer cada uma dessas pessoas antes mesmo que elas colocassem os pés nas avenidas de nossas capitais".

A presidente da Frente Nacional alertou que  "amanhã, não serão 250 pessoas que protestarão" em Paris, mas "talvez cem mil".

Debate

Uma investigação foi iniciada no domingo pela promotoria de Paris depois desse protesto, que não deixou feridos nem danos materiais. A direita criticou o governo, que ela acusa de não ter previsto esse tipo de incidente.

O ministro do Interior, Manuel Valls, afirmou na noite deste domingo que um projeto de lei antiterrorista será examinado pelo conselho dos ministro no final de setembro.

Esse projeto já existia no governo de Nicolas Sarkozy, como consequência do massacre cometido por Mohamed Merah em março. Esse jovem francês que voltou do Afeganistão em 2011, tendo escapado à vigilância dos serviços de informação, matou sete pessoas em Toulouse e Montauban dizendo ser membro da rede terrorista Al Qaeda.

O texto já está sendo criticado por certos juristas, pois o fato de passar por um treinamento em um campo paramilitar no exterior e depois voltar à França com possíveis más intenções já é sancionado no código penal. Ir além disso e punir as pessoas que frequentam centros religiosos radicais mas se limitam a debates espirituais seria contestável diante do princípio de liberdade de opinião, avaliam os juristas.

As organizações muçulmanas francesas condenaram a manifestação de sábado. Dalil Boubakeur, reitor da mesquita de Paris, denunciou em entrevista à rádio France Inter nesta segunda-feira "os fundamentalistas que apresentam o Islã de uma maneira que não é autêntica, mas violenta e política".

Como em vários países do mundo árabe, a manifestação de sábado foi provocada pela difusão na Internet de um vídeo anti-Islã produzido na Califórnia.

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