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França/Crime

Divulgação de diálogos do atirador de Toulouse causa indignação

O governo francês e as famílias das vítimas do atirador de Toulouse e de Montauban, Mohamed Merah, que matou três militares, um pai de família judeu e três crianças judias em março deste ano, reagiram negativamente depois da divulgação pela TV francesa TF1, no domingo, de trechos das conversas entre o assassino e os policiais. As gravações foram feitas durante as negociações de 21 e 22 de março, quando o jovem estava entrincheirado em seu apartamento, cercado por policiais.

Imagem de Mohamed Merah com a transcrição do diálogo com a polícia
Imagem de Mohamed Merah com a transcrição do diálogo com a polícia Reprodução / TV
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As famílias das vítimas ficaram chocadas com o programa. Os advogados das vítimas judias e dos militares consideram o fato escandaloso e lamentável e indagam como é possível que, ao menos por respeito humano, as famílias não tenham sido prevenidas.

O ministro francês do Interior, Manuel Valls, ficou surpreso com a ausência de precaução tomada pela TV para respeitar as famílias das vítimas, considerando que seria conveniente saber os meios que o canal utilizou para se apoderar da gravação. Uma investigação administrativa da Inspeção Geral da Polícia Nacional, a chamada "polícia das polícias", vai tentar identificar a fonte do vazamento do documento sigiloso. Ao mesmo tempo, foi lançado um inquérito por violação de segredo de justiça.

Zahia Mokhtari, advogada do pai de Mohamed Merah, também criticou a difusão. “Trata-se de uma peça de teatro para chamar a atenção e orientar a opinião pública”, disse ela. “Há uma total contradição entre o que é dito no vídeo apresentado pela TF1 e os vídeos que nós possuímos”, completou. A representante do assassino, que atua na Argélia, deve desembarcar na França na próxima quinta-feira para apresentar novas provas, entras elas imagens filmadas pelo próprio Merah.

TF1 se defende

O produtor do programa que divulgou o áudio, Emmanuel Chian, declarou que sua equipe pensou na emoção que o vídeo poderia causar junto às famílias das vítimas, mas decidiu divulgar o documento por considerá-lo de grande valor informativo. “Nós entendemos perfeitamente o choque e a violência para as famílias das vítimas, mas o fizemos conscientes de que isso poderia acrescentar algo em termos de informação”, completou Catherine Nayl, diretora de notícias do grupo TF1.

Nos trechos dos diálogos entre os policiais e Mohammed Merah divulgados pela rede de televisão francesa, o assassino afirma "não sentir medo da morte". Ele também diz que seu objetivo era "matar os militares por suas ações no Afeganistão", mas que também visava todos os aliados.

Merah também fala que se não tivesse sido identificado teria cometidos outros atentados e que não descartava ações esporádicas, como "matar policiais, gente pela rua, ao acaso e sem preparação". Associando seus sete crimes à rede terrorista Al-Qaeda, e já tendo viajado para o Afeganistão e o Paquistão, Merah pergunta a um policial: "Você acha que alguém vai ao Paquistão e ao Afeganistão como turista? Por acaso já viu alguém que vá como turista para lá?"

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