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Rússia/Doping

Suspensão da Rússia por escândalo de doping visa sujar imagem do país, diz ministro

A eventual suspensão da Rússia de competições internacionais devido ao amplo esquema de doping no país é uma tentativa de eliminar um concorrente de peso e sujar a imagem do país. A declaração foi feita nesta quarta-feira (11) pelo ministro dos Esportes, Vitali Moutko. Na noite de ontem, o chefe do laboratório de Moscou pediu demissão do cargo e já foi substituído.

Atleta treina em uma pista de Stavropol, na Rússia.
Atleta treina em uma pista de Stavropol, na Rússia. REUTERS/Eduard Korniyenko
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"É prático eliminar um concorrente de peso e sujar a imagem de um país", afirmou Moutko em entrevista à agência russa RIA Novosti. Moutko rejeita a hipótese de suspensão da Rússia, estimando que a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) deve proteger os "interesses do esporte e dos atletas". Ele estima que os atletas "honestos" não devem ser prejudicados por aqueles que desrespeitaram a lei.

Na segunda-feira (9), a Agência Mundial Antidoping (WADA) revelou um vasto esquema de doping e corrupção envolvendo atletas, laboratórios e até membros do alto escalão do governo russo. Se o país não responder de maneira convincente as acusações até o dia 18 de novembro, a Agência vai exigir a suspensão da Rússia das próximas competições de atletismo, incluindo as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.

O ministro dos Esportes afirmou que nesta quinta-feira (12) irá prestar esclarecimentos sobre o trabalho da Agência Russa Antidoping, que teve sua credencial suspensa pela WADA.

Chefe de laboratório pede demissão

O chefe do laboratório russo de antidoping, Grigory Rodchenko, pediu demissão na noite desta terça-feira (10). Ele entregou sua carta ao ministro dos Esportes que já nomeou para o cargo uma das especialistas do laboratório, Maria Dikunets.

Rodchenko, que comandava o laboratório de Moscou - no centro do "sistema organizado" de doping e corrupção -, foi avisado de uma visita do comitê de investigação da WADA, em dezembro de 2014. Segundo a Agência Mundial de Antidoping, na véspera do controle, o laboratório destruiu 1.417 amostras coletadas.

A agência TASS, citando a declaração do ministro do Esportes, explicou que Rodchenko decidiu pedir demissão "para assumir toda a responsabilidade" do caso.

A russa Mariya Savinova durante a final dos 800 mts, no Mundial de 2013. A atleta está envolvida no escândalo de doping sobre a Rússia.
A russa Mariya Savinova durante a final dos 800 mts, no Mundial de 2013. A atleta está envolvida no escândalo de doping sobre a Rússia. AFP PHOTO / KIRILL KUDRYAVTSEV

Pressões

O relatório da Agência, de 300 páginas, relata como o laborátorio de Moscou se submetia a "pressões externas", como ordens do ministério dos Esportes e presença constante dos membros dos serviços secretos. Os resultados positivos dos testes quase nunca eram informados à Federação Russa de Atletismo (Araf) ou à Federação Internacional de Atletismo. Os atletas flagrados também podiam pagar a qualquer uma das federações para ocultar o escândalo.

A justiça francesa investiga o ex-presidente da IAAF, o senegalês Lamine Diack, por ter recebido suborno em troca do silêncio sobre práticas de doping envolvendo a Rússia, principalmente.

No entanto, o relatório da AMA indica que a Rússia não é o único país a ter montado um grande esquema de doping. O Quênia também é apontado como um país que não "trabalha seriamente" para combater a prática ilegal. Especialistas, que pedem anonimato, indicam que as fraudes são mais frequentes em "países que têm um poder central forte", como a China.

Putin se reúne com federações russas

Nesta quarta-feira (11) o presidente Vladimir Putin comanda em Sochi uma reunião com os responsáveis das federações esportivas para discutir os preparativos para os Jogos de 2016. Em outubro, o líder russo tinha declarado ser favorável a uma separação entre o esporte e a política.
 

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