Le Monde critica organização da Copa do Mundo no Brasil
Matéria publicada no site do jornal francês mostra-se temerosa quanto aos atrasos nas construções e na atual deficiência do setor aeroportuário brasileiro. Jornal faz um panorama da atual situação em que país se encontra para a organização das duas competições.
Publicado em:
Flávio Botelho, em colaboração para a RFI
O jornal francês "Le Monde" lançou um alerta sobre a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, que acontecerão no Brasil. A manchete da matéria, publicada no site do jornal, lança uma pergunta: "O Brasil tem o olho maior do que a barriga?" No texto, entrevistas com sindicatos de engenharia e do setor aéreo brasileiro, além da versão de Carlos Arthur Nuzman, presidente do comitê organizador das Olimpíadas de 2016, fazem um panorama do cenário atual da organização brasileira.
O texto começa especificando o desafio que o país terá em organizar os dois maiores eventos esportivos do mundo em um curto espaço de tempo. O "Le Monde" faz uma análise do atraso na modernização dos estádios brasileiros, citando o caso do estádio de São Paulo, o Itaquerão, que tinha início de construção previsto para dezembro, mas ainda não começou a ser construído. O embróglio entre a Fifa e o estádio do Morumbi, que acabou na opção do novo estádio em Itaquera, também foi citado.
O jornal também corrobora a hipótese de o Maracanã, que passa por reformas, de ser o palco da abertura e da decisão da Copa do Mundo, indo de contra à vontade da CBF, que deseja ver o início da competição no futuro estádio de Itaquera. O presidente do sindicato nacional de engenharia e de arquitetura, José Roberto Bernasconi, justifica o atraso com o caso da África do Sul, que também teve atrasos na construção de alguns dos estádios para a Copa do Mundo de 2010.
Caos aéreo também preocupa
Além do atraso nas obras, outra preocupação do jornal é com a deficiente infraestrutura aeroportuária brasileira para receber os espectadores de ambas as competições. O "Le Monde" cita o fato de que 9 aeroportos de cidades-sede da Copa do Mundo têm previsão de conclusão em 2017, ou seja, após mesmo o fim dos Jogos Olímpicos. Outro questionamento lançado pelo jornal francês é de onde virão os R$ 130 bilhões prometidos pelo governo para acelerar os processos de modernização e construção específicos para as competições.
O jornal deixa claro que essa é uma situação crônica no Brasil e que já é tempo de se pensar em alternativas, como a construção de terminais provisórios para atender a futura demanda de passageiros. Pelo lado do governo, há a promessa de que os aeroportos estarão prontos para a Copa do Mundo. O "Le Monde" cita a decisão da presidente Dilma Rousseff em abrir a modernização das infraestruturas aeroportuárias ao capital privado, quebrando o monopólio da Infraero no setor.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro