Acessar o conteúdo principal
Japão/Crime corporativo

Presidente da Toshiba renuncia após fraudes de R$ 3,8 bilhões

O presidente da gigante japonesa de eletrônicos Toshiba, Hisao Tanaka, pediu demissão nesta terça-feira (21) por irregularidades na apresentação da contabilidade do grupo. O vice-presidente do conselho de administração, Norio Sasaki, o conselheiro especial Atsutoshi Nishida e outros cinco altos executivos também deixaram seus cargos.

Le président de Toshiba Hisao Tanaka a dû démissionner en juillet 2015 après un scandale financier, entraînant la sortie de l'indice JPX-Nikkei 400 pour le géant japonais.
Le président de Toshiba Hisao Tanaka a dû démissionner en juillet 2015 après un scandale financier, entraînant la sortie de l'indice JPX-Nikkei 400 pour le géant japonais. REUTERS/Toru Hanai
Publicidade

De acordo com um relatório apresentado ontem por uma comissão independente de especialistas, a companhia "inflou" suas receitas em mais de 151,8 bilhões de ienes (R$ 3,8 bilhões), entre 2008 e 2014.

"Levando em conta tudo isso, o presidente, o vice-presidente do conselho de administração e outros cinco administradores apresentaram nesta terça-feira sua demissão, assim como o senhor Nishida, conselheiro especial", explicou a companhia. No mesmo comunicado, a empresa pediu "profundas desculpas por causar sérios problemas aos acionistas".

Hisao Tanaka, que assumiu a presidência em junho de 2009, estava na função durante quase todo o período das fraudes. O atual presidente do conselho, Masashi Muromachi, assume o cargo interinamente, até a nomeação de um novo CEO.

Diante dos olhares de dezenas de jornalistas, Tanaka pediu perdão e curvou-se profundamente, em sinal de arrependimento. "Esse é o maior prejuízo a nossa marca em 140 anos de história", declarou. O ex-CEO negou, no entanto, que tenha mandado seus funcionários adultararem os livros. "Não ordenei nenhuma contabilidade inapropriada", afirmou.

Cultura de silêncio

Mas, o relatório apresentado ontem denuncia uma cultura corporativa na qual subalternos não poderiam contestar "onipotentes", que tencionavam ampliar os lucros a todo custo. As fraudes eram "sistematicamente praticadas como resultado de decisões administrativas incontestáveis", que "traíam a confiança de muitos acionistas".

"Em alguns casos", continua a comissão, "altos executivos e líderes setoriais parecem ter compartilhado um objetivo comum de exagerar os números". O escândalo vem à tona menos de dois meses depois de o Japão adotar um aguardado código de governança corporativa que visa, justamente, melhorar a transparência das empresas.

Impacto financeiro

O ministro japonês das Finanças, Taro Aso, lamentou o caso que, de acordo com ele, "pode ferir a credibilidade do mercado japonês". No entanto, ainda não está claro se os executivos demitidos serão processados. Também não se sabe se a empresa sofrerá algum tipo de sanção mas, de acordo com a comissão independente, ela deve restituir 151 bilhões de ienes (R$ 3,9 bilhões) ao Estado.

Em setembro, a Toshiba tem de apresentar suas contas 2014/2015 ante uma assembleia geral extraordinária de acionistas, que terá também de aprovar a nomeação do novo presidente. Não é possível prever se os números serão afetados pelo escândalo, já que o ano fiscal terminou em março de 2015.

Apesar do turbilhão, as ações da companhia subiram na terça-feira, já que a apresentação do relatório encerrou meses de incerteza sobre a extensão da fraude e sobre quem seriam os responsáveis por ela. Os papéis da Toshiba fecharam o pregão em alta de 6,13%.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.