A seca nos Estados Unidos, que já é a pior dos últimos 56 anos, começa a influenciar o comércio agrícola mundial. Devido às dificuldades de produção em diversos setores, como a soja, em que os americanos são os maiores produtores mundiais, os preços das commodities devem sofrer efeitos além das fronteiras do país.
O valor do milho aumentou 29%, o do trigo, 41%, e a soja é vendida 17% mais cara do que no ano passado. Mais da metade do território americano, está enfretando estiagem, mas o problema não é uma exclusividade do país. A seca também atinge a Rússia, a Ucrânia e a India, levando o presidente do Banco Mundial a dizer que teme que, nos próximos meses, aconteça uma falta de abastecimento nas nações mais pobres em decorrência dos preços, que poderiam se tornar insustentáveis.
O economista Jacques Bertholet, especialista em agricultura e abastecimento, confirma que a preocupação é real. "É certo que haverá efeitos, mas por enquanto o problema não está afetando o arroz. Tivemos colheitas abundantes recentemente e o arroz é um cereal de base para toda a Ásia e em parte da África, onde eles importam e consomem muito. De qualquer forma, é certo que as altas nos preços do milho e da soja terão um impacto muito importante", afirma.
O analista Fábio Silveira, da RC Consultoria, especialista em agronegócios, destaca que a alta geral dos preços de matérias-primas é também fruto da especulação financeira, mas afirma que o Brasil, por ter sofrido pouco com a estiagem no ano passado, acaba de beneficiando do momento atual. O analista avalia que, devido a estes bons resultados neste ano, 2013 deve ser marcado por uma safra recorde de soja, o que poderá fazer o Brasil ocupar o primeiro posto mundial, se a seca permanecer nos Estados Unidos.
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