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Europa / Crise

Espanha pede solidariedade dos europeus para enfrentar crise

A Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira um projeto de resolução para crises bancárias, um dos pilares da chamada união bancária que o executivo europeu quer adotar no bloco. O objetivo é prevenir futuras crises e gerenciar com mais eficiência as falências de bancos, evitando solicitar a ajuda dos estados e consequentemente desestabilizar todo o sistema financeiro europeu. Nesta terça-feira, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, pediu ajuda aos vizinhos pois já não consegue mais recapitalizar seus bancos, devido às elevadas taxas de juros cobradas pelos mercados.

O premiê espanhol Mariano Rajoy pediu ajuda aos países europeus nesta terça-feira para enfrentar a crise no setor bancário espanhol.
O premiê espanhol Mariano Rajoy pediu ajuda aos países europeus nesta terça-feira para enfrentar a crise no setor bancário espanhol. REUTERS/Andrea Comas
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Fina Iñiguez, correspondente da RFI em Barcelona

Quarta economia do bloco, a Espanha evita o quanto pode solicitar recursos do FESF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira), temendo condições ainda mais austeras e o controle externo das contas públicas, mas a crise no setor bancário chegou a um momento crítico.

Segundo análises otimistas, os bancos espanhóis precisam de € 60 bilhões com urgência, mas o rombo pode chegar a € 200 bilhões. Atualmente, o fundo europeu dispõe de 440 bilhões, mas sua capacidade de intervenção vai aumentar para € 940 bilhões a partir de 1° de julho.

O primeiro ministro espanhol Mariano Rajoy insiste que o país não precisa de resgate embora tenha reconhecido nesta terça-feira que a Espanha tem um problema de financiamento de dívida e tenha defendido publicamente, pela primeira vez, os eurobônus.

Os eurobônus, uma proposta defendida também pelo presidente francês Hollande e pela oposição socialista, mas rejeitada pela chanceler alemã Angela Merkel, são emissões conjuntas de dívida pública para todos os estados da União Europeia e supõem que a dívida não é de cada país individualmente mas sim do conjunto dos estados membros.

Com a emissão de eurobônus a Espanha se livraria de resgates como os de Portugal, Irlanda ou Grécia, que colocam os países sob a tutela de instituições internacionais.

Segundo Rajoy, a Espanha não precisa de resgate, mas sim de "uma maior integração fiscal, uma união bancária com o eurobônus, com um supervisor bancário, e um fundo de garantia de depósitos europeus".

Contribuintes

As propostas de Rajoy estão alinhadas com as que a Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira, no sentido de criar uma rede de fundos nacionais como mecanismo de financiamento que permita à União Europeia resgatar bancos em crise sem apelar para os poderes públicos, e portanto para o dinheiro dos contribuintes.

"Não queremos que os contribuintes paguem, os bancos devem pegar pelos bancos", enfatizou o comissário europeu para os Serviços financeiros, Michel Barnier, durante a apresentação do projeto para a imprensa.

A Espanha está no centro das preocupações da zona euro. Os investidores desconfiam que o país não vai conseguir cumprir as suas obrigações financeiras e acabará precisando da ajuda externa, principalmente depois do resgate histórico de € 23,5 bilhões solicitado em maio pelo Bankia, o terceiro maior banco da Espanha em número de ativos.

Os países do G7, que se reuniram em uma videoconferência urgente nesta terça-feira para discutir a crise da zona euro, prometeram uma reação "rápida", embora não tenham explicado qual vai ser essa resposta.

Por sua vez, o ministro do Tesouro da Espanha, Cristóbal Montoro, não ajudou muito a aumentar a confiança no país ao afirmar também nesta terça-feira que a porta do mercado está fechada para a Espanha devido aos altos custos de sua dívida.

Nesta quinta-feira a Espanha vai ter a oportunidade de testar a confiança do mercado ao lançar em um leilão entre € 1,5 bilhão e 2 bilhões de euros em títulos de médio e longo prazo.

 

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