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Nobel de Literatura

Svetlana Alexievich, inédita no Brasil, vence Nobel de Literatura 2015

A jornalista bielorrussa Svetlana Alexievich, de 67 anos, é a prêmio Nobel de Literatura de 2015. A autora de "Vozes de Chernobil", ainda inédita no Brasil, é a 112ª escritora e 14ª mulher a conquistar o prêmio. De acordo com o parecer do júri, ela foi recompensada por sua "obra polifônica, memorial do sofrimento e da coragem nos dias de hoje".

A bielorussa Svetlana Alexievich, vencedora do Prêmio Nobel da Literatura de 2015
A bielorussa Svetlana Alexievich, vencedora do Prêmio Nobel da Literatura de 2015 EUTERS/Stringer/Files
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Favorita em várias edições passadas, a escritora nascida em Minsk é autora de livros importantes sobre a catástrofe de Chernobil e a guerra do Afeganistão. No Belarus, a obra de Alexievich está proibida, assim como suas aparições públicas. Isso porque ela é acusada pelas autoridades de antipatriotismo, por definir o "homo sovieticus" como inapto à liberdade.

Mesmo assim, a primeira bielorrussa laureada com o Nobel de Literatura, é bastante lida em seu país. "Nos últimos 30 ou 40 anos, ela se dedicou a cartografar o indivíduo soviético e pós-soviético. Mas não é uma história de eventos, é uma história de emoções", explicou a secretária vitalícia da Academia sueca, Sara Danius, acrescentando que se "trata de uma grande escritora, que encontrou novos caminhos literários".

Foi Danius também quem informou a ex-dissidente soviética sobre a conquista do prêmio, ao que ela respondeu em uma só palavra: "Fantástico!" Um pouco mais tarde, em uma entrevista, ela se disse orgulhosa de receber a mesma honraria com que foi laureado, em 1958, Boris Pasternak. Na ocasião, o poeta e romancista russo foi obrigado pelo regime soviético, imerso na Guerra Fria, a devolver o prêmio.

Romance documental

Nascida a 31 de maio de 1948 no oeste da Ucrânia de uma família de professores rurais e formada em jornalismo pela Universidade de Minsk, Alexievich começou sua carreira registrando relatos de mulheres que lutaram na Segunda Guerra mundial. Estes depoimentos deram origem a seu primeiro romance, publicado em russo, "A guerra não tem rosto de mulher" (tradução livre).

Este método de basear as tramas em depoimentos se consagraria na carreira da escritora e faria dela uma especialista em "romances documentais". Mas ela só alcançaria fama internacional com a publicação, em 1990, de "Caixões de zinco", um memorial da guerra do Afeganistão. "Vozes de Chernobil", em 1997, é até hoje a obra mais conhecida da autora.

Alguns de seus livros foram adaptados para o teatro e encenados na França e na Alemanha, onde ela recebeu, em 2013, o prestigioso Prêmio da Paz, na Feira do Livro de Frankfurt.

Favorita

O anúncio da Nobel de Literatura de 2015 foi bastante aplaudido pelo público presente na Academia, que já a considerava favorita, à frente do japonês Haruki Murakami. Svetlana Alexievich sucede o francês Patrick Modiano, vencedor da edição 2014, e recebe a recompensa de 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 3,6 milhões).

O Nobel de Literatura é o quarto atribuído neste ano, depois de Medicina (William Campbell e Satoshi Omura), Física (Takaaki Kajita e Arthur McDonald) e Química (Tomas Lindahl, Paul Modrich e Aziz Sancar). Na sexta-feira, o comitê norueguês anunciará o aguardado Nobel da Paz.

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