Nesta semana, a Agenda Europa vai aterrissar na Itália. No passeio, a Bienal de Veneza, uma das mostras internacionais de arte mais famosas do mundo; em seguida, Firenze, para ver as obras de um dos maiores escultores de todos os tempos, antes de ir à Roma ver a exposição que reúne centenas de imagens de diversas guerras.
Na 56ª edição da Mostra Internacional de Arte da Bienal de Veneza 2015, o tema vai ser "All the World’s Futures" ("Todos os Futuros do Mundo", em tradução livre), a relação entre os artistas e a arte diante do mundo atual, mergulhado em incertezas e conflitos; o papel da natureza é igualmente integrado na proposta.
Cinquenta e três países vão participar da Bienal, que também tem uma programação paralela e 89 pavilhões nacionais na cidade, no centro histórico, nos bairros de Giardini e Arsenale e até no aeroporto.
Neste ano, pela primeira vez na história, a mostra vai ter uma seção paralela totalmente dedicada à Street Art, na zona portuária.
A ponta das criações em arte, arquitetura, cinema, dança, música e teatro estarão ao alcance do público.
O Pavilhão do Brasil, que desde 1964 ocupa o espaço mais prestigiado da Bienal, o Giardini, traz a exposição chamada "É tanta coisa que nem cabe aqui", com trabalhos dos artistas Antônio Manuel, Berna Reale e André Komatsu.
Já a artista plástica brasileira, Adriana Barreto, foi escolhida para integrar o Pavilhão da América Latina, que traz o projeto "Vozes Indígenas", uma iniciativa genial que reuniu 15 países do continente em uma instalação sonora com idiomas em risco de extinção.
Adriana apresenta a obra "O Papagaio de Humboldt", inspirada na passagem do explorador e naturalista alemão Alexander von Humboldt pela América Latina, entre 1799 e 1804. "O trabalho é sobre as vozes [idiomas] que estão ameaçadas de extinção. Eu procurei fazer a pesquisa sobre os índios Saterê-Maué, que acho muito interessantes, eles tiveram uma cultura que foi muito importante para o Brasil porque foram eles que cultuaram o famoso guaraná. Obviamente que depois foram ameaçados, mas chegaram a ser ricos, viveram muito bem com isso. Foram 36 mil índios e hoje são só 10 mil porque são muito ameaçados. Tudo isso me instigou muito a fazer essa pesquisa, tive uma parceira que realizou o vídeo e do vídeo saiu a fala, porque o trabalho é só, só som", explica Adriana Barreto.
Outro artista brasileiro, o mineiro Paulo Nazareth, também terá participa com um trabalho sonoro sobre os Kaiowá do Mato Grosso do Sul.
A 56ª Bienal de Veneza, aberta em 9 de maio, vai até 22 de novembro.
O ser humano e o espaço nas mãos de Anthony Gormley
Em Firenze, no Forte de Belvedere, o evento é a mostra "Human", do britânico Anthony Gormley. O artista, um dos
escultores mais admirados da atualidade, estremece os códigos da relação entre homem e espaço; além de mostrar o objetivo da cidade, Firenze, de se firmar como centro de arte contemporânea.
Mais de cem trabalhos do artista são espalhados pelas salas internas do palácio, escadas, terraços, jardins e baluartes.
E entre as criações, a instalação Critical Mass, um anti-monumento, como define Gormley, que fala de todas as vítimas do século XX.
A ideia que fundamenta a obra de Gormley é a redefinição da figura humana e sua inserção natural em um centro urbano.
No caso, a referência é Firenze, cidade na qual artistas como Michelangelo, Donatello e Cellini se dedicaram ao estudo da representação do homem ideal em relação à arquitetura.
"Human" pode ser vista até 27 de setembro no Forte de Belvedere, em Firenze.
As guerras e suas imagens
Na celebração dos 70 anos da Segunda Guerra, neste fim de semana, a Agenda Europa anotou a exposição sobre o tema em Pádua, no Palácio de Monte Pietá.
"Esta é a guerra! 100 anos de conflito no foco da fotografia», é considerada a mais importante do gênero na Itália, apresentando 400 imagens que intercalam ordem cronológica e temática.
A I Guerra Mundial é descoberta através principalmente de fotos aéreas ou enviadas pelos soldados às suas famílias.
A guerra civil espanhola, a primeira realmente fotográfica, passa pelo olhar dos combatentes e também dos profissionais. Robert Capa é um dos nomes marcantes da época que integra o evento.
O mito do fotojornalista, que vai ganhar destaque na Segunda Guerra, mostra os campos de refugiados de Henri Cartier-Bresson, imagens de destruição de Hiroshima e Dresde, enfim, momentos dramáticos da história.
A exposição de fotos de guerra podem ser vistas até 31 de maio, no Palácio de Monte Pietá, na cidade de Pádua.
Ouça a cantora francesa Yelle cantando "Bouquet Final"
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