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França/Moda

Primeira mostra parisiense de Azzedine Alaïa agita semana da moda

A inauguração de uma grande retrospectiva no museu Galliera coloca Azzedine Alaïa sob os holofotes durante a temporada parisiense de desfiles de prêt-à-porter. Ícone dos anos 1980 e 90, o discreto costureiro tunisiano mostra com essa primeira exposição na capital francesa porque é conhecido até hoje como o escultor do corpo da mulher.

Azzedine Alaïa ficou conhecido no mundo da moda por esculpir o corpo da mulher.
Azzedine Alaïa ficou conhecido no mundo da moda por esculpir o corpo da mulher. Patrick Demarchelier
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Homenagem ou ironia do destino. Assim pode ser vista a exposição da obra de Azzedine Alaïa, que abre suas portas para o público nesse sábado, 28 de setembro, em Paris. O estilista, que durante muito tempo esnobou o ritual dos calendários de desfiles e só apresentava suas coleções quando “se sentia pronto”, é o grande destaque dessa temporada, com uma retrospectiva que já está sendo apontada como o principal evento dessa fashion week parisiense. De Naomi Campbell a Christian Lacroix, os principais nomes do mundo das passarelas compareceram nessa quarta-feira à inauguração da mostra, que também marcava a reabertura do Palais Galliera, um dos dois museus da moda de Paris, fechado para reforma há cerca de três anos.

Para Olivier Saillard, diretor do estabelecimento e comissário dessa primeira grande exposição de Alaïa na capital francesa, sua obra foi escolhida para abrir essa nova fase do museu pois ele é um dos últimos verdadeiros grandes “costureiros” da atualidade. Denominação, aliás, reivindicada pelo próprio interessado, que não se considera um estilista. “Eu nunca vi ninguém vestir um desenho”, disse o tunisiano, com uma ponta ironia, em uma das poucas entrevistas que concedeu em seus mais de 30 anos de carreira.

E se Azzedine Alaïa remete sempre seu trabalho ao produto final, é principalmente porque ele se diz um apaixonado pelas mulheres e pelo corpo feminino. Ao ponto tratá-lo como uma verdadeira escultura. O que não chega a ser nenhuma surpresa para um mestre que, na juventude, estudou Belas Artes pensando em um dia se tornar escultor. Talvez por esse motivo ele sempre foi adulado pelas top model dos anos 90, como Linda Evangelista, Stephanie Seymour, Yasmin Le Bon, ou a própria Naomi, que até hoje considera o costureiro como um membro de sua família e o chama carinhosamente de “papa”.

Quem também gozou das tesouras mágicas de Alaïa no começo de sua carreira foram as dançarinas do cabaré Crazy Horse, para quem ele elaborou os figurinos em 1980. “Foi ali que eu aprendi como confeccionar a roupa como uma espécie de segunda pele”, relembra esse amante do mundo do cinema e refinado colecionador de arte africana.

A dimensão escultural do costureiro é amplamente valorizada na exposição, composta pelos modelos mais emblemáticos de sua trajetória. Alguns vestidos, sem costuras aparentes e que moldam perfeitamente o corpo, provam que é possível sublimar os movimentos “suprimindo todas as barreiras”, como descreve um dos inúmeros textos que pontuam de maneira construtiva a mostra. A cenografia minimalista, que dá ainda mais força às peças, é realçada pelos muros avermelhados das salas, um tesouro redescoberto durante a restauração do belíssimo palacete do século 19. Para completar o percurso, Alaïa também concebeu oito silhuetas especialmente para o evento, que estão expostas no Museu de Arte de Moderna da cidade, do outro lado da rua. Apresentadas diante de obras de Henri Matisse e Daniel Buren, elas formam um diálogo perfeito que justifica, mais uma vez, a legitimidade da moda como expressão artística. A exposição Alaïa, vai até 26 de janeiro no Palais Galliera.

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