Buscas por desaparecidos continuam após tragédia em Minas
Equipes de resgate retomaram na manhã deste sábado (7) as busca por desaparecidos sob a avalanche de lama e de resíduos de minérios provocada pelo rompimento das barragens em Mariana, na última quinta-feira (5). A tragédia devastou o distrito de Bento Rodrigues, em Minas Gerais. As autoridades iniciaram hoje um registro para tentar esclarecer o número de vítimas. Segundo reportagem da rádio Itatiaia, parceira da RFI no Brasil, a falta de informações deixa parentes desesperados e inconsoláveis
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Centenas de bombeiros, militares e membros da Defesa Civil buscavam sobreviventes no mar de lama que cobriu os arredores da cidade mineira de Mariana, sobretudo no distrito de Bento Rodrigues, devastado pelo barro que invadiu o local após o rompimento das barragens de contenção em dois depósitos de resíduos da mineradora Samarco.
Dois dias após o acidente, o balanço de mortos e desaparecidos é preliminar e as informações das autoridades são contraditórias. O prefeito de Mariana, Duarte Gonçalves Júnior, informou neste sábado que o balanço oficial é de um morto e de 13 desaparecidos, todos trabalhadores da mineradora.
"Só há uma pessoa morta confirmada até agora, mas é muito provável que (este número) aumente", declarou o prefeito à imprensa. Além dos 13 trabalhadores, alguns moradores de Bento Rodrigues estariam desaparecidos. "Estamos conversando com os habitantes de Bento e já há quem diga que está faltando alguém, mas não conseguimos fechar este número. Não é um número alto, o que estamos percebendo com os familiares é que de três a seis pessoas, no máximo 10, estão desaparecidas", declarou o prefeito.
O apelo emocionado de uma mãe à reportagem da rádio mineira Itatiaia mostra o quanto parentes de desaparecidos estão sofrendo com a falta de informações sobre o número de vítimas. Aos prantos, ela disse que perdeu o filho, o soldador Samuel Vieira Albino, de 33 anos, e que ele “está sofrendo”.
O filho trabalhava na mineradora no momento do rompimento. A mãe conta que alguns amigos que estavam com ele conseguiram escapar da lama, mas eles não souberam precisar se Samuel teve a mesma sorte. “Eu não estou aguentando mais, vou morrer também”, desabafou.
Entre 15 a 17 mortos
O comandante dos bombeiros de Mariana, Adão Severino Júnior, insiste que os mortos são ao menos 17, enquanto o sindicato de mineração local informou sobre 15 vítimas fatais. O acidente aconteceu na tarde de quinta-feira, com o rompimento de uma barragem de um depósito com 55 milhões de metros cúbicos de resíduos do processo de extração de minério de ferro. Pouco depois, outro depósito de 7 milhões de m³ de água cedeu e toda esta mistura avançou rapidamente cerca de dois quilômetros até alcançar Bento Rodrigues, distrito de 620 habitantes que fica a 23 km de Mariana.
Na quinta-feira, cerca de 500 pessoas já haviam sido resgatadas com vida neste distrito. Depois de serem lavados da lama e dos resíduos de mineração, eles foram conduzidos a abrigos em Mariana.
Além de arrasar com tudo em seu caminho, a onda de lama causou um "enorme dano ambiental", segundo um dos investigadores da promotoria do estado de Minas Gerais.
Secretário-geral da OEA envia condolências
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, enviou nesta sexta-feira (6) suas condolências ao governo do Brasil, após a tragédia de Mariana. "Minhas condolências e da @OEA_oficial às famílias e ao governo #Brasil pelo trágico acidente em Bento Rodrigues", escreveu Almagro no Twitter, em mensagem dirigida à presidente Dilma Rousseff (@dilmabr).
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