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Itália/Pizzolato

Henrique Pizzolato é extraditado da Itália para o Brasil

Henrique Pizzolato embarcou na noite desta quinta-feira (22) no voo da TAM que partiu de Milão e chega em São Paulo na manhã desta sexta-feira. O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, condenado a mais de 12 anos de prisão por envolvimento do escândalo do Mensalão, estava foragido na Itália desde 2013.

O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolatto, foi extraditado nesta quinta-feira (22) para o Brasil.
O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolatto, foi extraditado nesta quinta-feira (22) para o Brasil. http://agenciabrasil.ebc.com.br
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Gina Marques, correspondente da RFI na Itália

Vestido com agasalho esportivo branco e azul marinho, Pizzolato permaneceu em silêncio no assento ao lado da janela na classe econômica do avião da TAM. O voo, previsto para decolar às 21h10 no horário local (17h10 em Brasília) atrasou mais de uma hora por problemas técnicos. Antes do embarque, alguns passageiros protestaram contra a presença de Pizzolato no avião.

O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil deixou a prisão de Modena na tarde de quinta-feira escoltado pela polícia italiana, que o acompanhou até o aeroporto de Malpensa. Após entrar por um acesso subterrâneo, ele foi conduzido pelos agentes penitenciários italianos diretamente até uma sala reservada no mezzanino do primeiro andar. No local, restrito apenas às pessoas autorizadas, ele foi entregue aos três agentes da Polícia Federal do Brasil, que já estavam em Milão desde o início desta semana. O governo brasileiro enviou também uma médica para acompanhar Pizzolato e monitorar a saúde do condenado durante a viagem.

A imprensa italiana

O diário italiano Il Manifesto publicou nesta quinta-feira uma carta da mulher de Pizzolato, Andrea Hass. Na longa correspondência ela faz um apelo ao ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, para que considere as consequências que sofrerá com a extradição do marido.

Andrea Haas cita as condições "desumanas" das prisões brasileiras e lamenta que, para visitar seu marido, deverá ser submetida a revistas íntimas, que descreve em detalhes na carta enviada ao ministro. Ela explica que todas as visitantes, “incluindo mulheres idosas, deficientes físicas e adolescentes, devem se despir, se curvar e mostrar o anus e a vagina para as guardas carcerárias, afim de provar que não escondem objetos ilícitos” .

Troca de prisioneiros ?

Já o jornal Il Fatto Quotidiano publicou um artigo no qual levanta a hipótese de uma possível troca de prisioneiros extraditados. Segundo o jornalista Arnaldo Capezzuto, o envio de Pizzolato ocorre quase ao mesmo tempo que a extradição do italiano Pasquale Scotti, foragido há 31 anos no Brasil. Scotti é acusado de homicídio e de pertencer à Camorra, a máfia napolitana. A sua extradição do Brasil para a Itália deverá acontecer em cerca de 20 dias.

No entanto, fontes ligadas ao governo italiano confirmam que a intenção de Roma com a extradição de Pizzolato é que a presidente brasileira Dilma Rousseff reconsidere a possibilidade de extraditar outro italiano, Cesare Battisti, que em 2010 recebeu o asilo político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O europeu foi condenado em 1987 à prisão perpétua na Itália pela autoria direta ou indireta de quatro homicídios atribuídos aos Proletários Armados pelo Comunismo, grupo do qual era membro.

Em 10 de julho de 2015, a presidente brasileira esteve na Itália, onde encontrou-se com o presidente da república Sergio Matarella e em seguida com o primeiro-ministro Matteo Renzi. Ambos tocaram no argumento de Cesare Battisti, mas a presidente brasileira desconversou. Na declaração conjunta de Dilma e Renzi, o premiê disse que ainda há questões abertas, como no caso da Justiça. “Penso, espero e creio que esta renovada relação possa nos ajudar a resolver, no respeito das leis de cada país, inclusive a solução dos casos mais difíceis” disse o chefe do governo italiano na ocasião.

Fontes ligadas ao Palácio do governo qualificam a declaração de Renzi como uma convocação da Itália para que o Brasil reconsidere a situação de Battisti.

Movimento político a favor de Pizzolato na Itália

Um movimento contra a extradição do brasileiro chegou a ser criado na Itália. O grupo, que conta com o apoio de mais de vinte políticos italianos, é liderado pelos senadores Luigi Manconi e Cecilia Guerra, ambos do Partido Democrático (PD), o mesmo do primeiro-ministro Matteo Renzi. Segundo eles, a prisão da Papuda, onde Pizzolato deve ser detido, não oferece garantias quanto à segurança do condenado no processo do Mensalão.

Entenda o caso Pizzolato

Pizzolato foi condenado no julgamento do Mensalão a 12 anos e 7 meses de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. Mas, usando documento falsificado com o nome de seu irmão Celso Pizzolato, morto em um acidente automobilístico no Paraná em 1978, aos 24 anos, o executivo, que também tem cidadania italiana, fugiu para a Itália em novembro de 2013 na tentativa de evitar a prisão.

Em 5 de fevereiro de 2014, Pizzolato foi preso na cidade de Maranello , no norte da Itália, por porte de documento falso. Ele possuía ainda 15 mil euros e se escondia na casa de um sobrinho. Em 28 de outubro de 2014 a Corte de Apelações de Bolonha negou a extradição de Pizzolato e determinou que ele fosse solto e aguardasse o processo em liberdade, considerando as condições das prisões no Brasil, o estado de saúde do réu e sua nacionalidade italiana. Em novembro do ano passado, a Advocacia Geral da União, representada pelo advogado italiano Michele Gentiloni, apresentou à Corte de Cassação de Roma um recurso contra recusa de extradição. Em 11 de fevereiro de 2015 esta Corte se expressou favorável ao envio de Pizzolato ao Brasil.

Questionando as condições do presídio da Papuda, a defesa ainda tentou várias vezes impedir o processo, inclusive junta à Corte Europeia de Direitos Humanos, mas teve os pedidos rejeitados.

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