Imprensa europeia diz que protestos no Brasil perdem força
Os jornais europeus desta segunda-feira (17) dedicaram várias páginas às manifestações contra Dilma Rousseff, que aconteceram por todo o país no domingo (16). Embora todos tenham destacado o recorde de rejeição à presidente e a amplitude dos protestos, a imprensa europeia observou que o número de pessoas nas ruas diminuiu em relação a março e abril e lembrou o pacto governamental que permitiu a Dilma dar sobrevida ao ajuste fiscal. Outra coisa que chamou a atenção dos jornais foi o grau de conservadorismo das manifestações.
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O espanhol El País observa que esse movimento "majoritariamente das classes médias", "embora use a luta contra a corrupção como argumento central para derrubar o governo, evita pressionar pessoas implicadas nas denúncias de corrupção, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha".
A publicação entrevistou algumas pessoas que estiveram na manifestação. Entre elas, um aposentado que pede a "privatização de todos os órgãos públicos" e uma professora que exige que "o exército elimine todos os políticos e feche a Câmara e o Congresso".
Magia do Lula
Os jornais franceses se espantam com a parilisia do governo e do PT diante dos protestos. O Le Figaro afirma que Dilma chegou a convocar os movimentos sociais para defendê-la nas ruas, mas que as bases não conseguem defender a agenda conservadora do governo. O Le Monde também observa a decepção dos eleitores do PT, que viram extinguir-se a "magia do Lula".
O inglês The Guardian destaca o clima festivo dos protestos: "Com famílias e amigos tirando selfies e socializando sob o calor escaldante, o clima era de bom-humor. Mas, do alto de um trio elétrico, um homem vestido de Capitão América lembrava a multidão que 'isso não é carnaval'".
O diário lembrou que dois terços da população querem Dilma fora do Planalto, mas que não existe um argumento jurídico para abrir o processo de impeachment.
Paradoxo
Um cientista político entrevistado pelo jornal português Público explica que o Brasil vive um paradoxo: o governo não pode governar nem pode cair, já que a maioria se assusta diante da perspectiva de viver sob uma gestão peemedebista. Principalmente depois das manobras de Eduardo Cunha, que tenta explodir na Câmara o orçamento da União para impedir a passagem do ajuste fiscal, prioritário para o governo.
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