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FAO/crise alimentar

Diretor da FAO fala sobre combate à crise alimentar ao jornal Le Monde

O jornal francês Le Monde publicou nesta segunda-feira uma entrevista om o diretor da Organização das Nações para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, sobre estratégias para combater uma possível crise alimentar no mundo. Ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome do governo do ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva e idealizador do programa Fome Zero, Graziano, de 62 anos, substituiu desde janeiro deste ano o senegalês Jacques Diouf, que ficou 18 anos na direção da FAO.

O diretor da FAO, José Graziano da Silva, sugere que países façam estoques de alimentos de base para enfrentar a instabilidade dos preços nos próximos anos.
O diretor da FAO, José Graziano da Silva, sugere que países façam estoques de alimentos de base para enfrentar a instabilidade dos preços nos próximos anos. REUTERS/Max Rossi
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Diante da seca americana e no leste da Europa, que fizeram aumentar os preços do milho, do trigo e da soja, Estados Unidos, França e México devem se pronunciar brevemente sobre a necessidade de convocar um Fórum sobre o assunto – ferramenta de resposta a esses possíveis riscos sob a iniciativa do G20 e grandes instituições internacionais.

Graziano alerta, no entanto, que a convocação do Fórum não deve ser encarada como uma medida de “desespero”, mas como uma vontade de de garantir uma melhor coordenação do mercado alimentar.

Questionado pelo Monde se a situação atual pode ser comparada a de 2007/2008, quando a forte demanda asiática provocou um grande aumento nos preços dos cereais, o brasileiro nega a semelhança nas duas situações. Para ele, a coordenação entre os países envolvidos nas altas dos preços dos alimentos melhorou devido a aplicação do Sistema de Informação sobre os Mercados Agrícolas (AMIS), que, segundo ele, trouxe mais transparência ao funcionamento dos mercados. “Esta melhora na coordenação deve evitar o pânico e as decisões unilaterais, como os embargos sobre as exportações ou importações massivas para reconstituir estoques”, considera.

O diretor da FAO também recomenda a constituição de estoques nacionais de produtos alimentares de base para enfrentar a instabilidade dos preços nos próximos dez anos. “Nós não consideramos o mercado global como um supermercado, onde nós podemos comprar o que queremos e quando queremos. Para assegurar sua segurança alimentar e enfrentar o aumento dos valores, cada país deveria se dotar dee stoques para cobrir suas necessidades de um período entre uma semana e um mês”, aconselha.

Já sobre o apoio aos pequenos agricultores – um consenso das nações nos últimos anos – Graziano afirma que é necessário, a longo termo, incentivar a agricultura de subsistência, favorecer o acesso aos mercados locais e ajudar os pequenos agricultores a melhorar sua produtividade e sua capacdidade de produção. “Também é necessário convencer os doadores e os países envolvidos que esses agricultores não é um problema a ser eliminado, mas que eles fazem parte da solução”, ressaltou.
 

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