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Saúde em dia

Estudo francês mostra que tempo de sono influencia uso de óculos na infância

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O número de pessoas míopes, incluindo crianças, está crescendo rapidamente no mundo. A estimativa é de que, até 2050, 50% da população precise de óculos para enxergar de longe. 

As telas fazem parte do cotidiano das crianças, mas podem representar riscos para a saúde e o desenvolvimento dos menores.
As telas fazem parte do cotidiano das crianças, mas podem representar riscos para a saúde e o desenvolvimento dos menores. © Pixabay CC0
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Taíssa Stivanin, da RFI

Para entender essa tendência, que já existia e se acentuou durante a pandemia do coronavírus, a equipe da epidemiologista francesa Sabine Plancoulaine, do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Estatísticas, acompanhou 1.130 crianças desde o último trimestre de gravidez até os 5 anos. Nessa idaide, 20% delas usavam óculos. 

As informações foram fornecidas de maneira regular pelos pais, que enviaram detalhes sobre os hábitos de sono das crianças, principalmente a partir dos 2 anos de idade, e seus problemas de visão. O objetivo foi detectar uma associação entre o sono e os distúrbios de refração em crianças pequenas, em idade pré-escolar. Esse aspecto ainda não havia sido detalhado em nenhuma pesquisa conhecida e foi analisado pela epidemiologista a partir de dados de estudos feitos com pintinhos, que têm um desenvolvimento ocular parecido com o dos humanos.

“Estudos feitos com pintinhos mostraram que, aqueles que cresceram em um ambiente expostos à luz ou à escuridão de forma permanente, tinham problemas de desenvolvimento ocular. Essa exposição acarretava uma perturbação do ritmo circadiano, ou seja, da vigília e do sono”, explica Sabine Plancoulaine.

O estudo mostrou que dormir demais ou dormir pouco seria nocivo para os olhos das aves. “Daí veio a ideia de questionar: será que no homem, observando o desenvolvimento precoce do olho de crianças pequenas, a constatação é similar?". A equipe então dividiu o tempo de sono das crianças participantes do estudo em três partes, para observar as diferenças entre aquelas que dormiam demais, as que dormiam pouco e na média.

Os cientistas verificaram a associação entre a duração do sono e a exposição à luz captada pela retina, que altera o ritmo circadiano, e a necessidade de usar óculos ao longo dos anos. O resultado obtido pela equipe de Sabine Plancoulaine é que todos esses fatores alteram o desenvolvimento ocular, provocando miopia, hipermetropia ou outros defeitos de refração. “O que é interessante no estudo é que o tempo de sono aos 2 anos de idade é associado à prescrição dos óculos aos 5 anos”

Excesso de telas

O excesso de telas favorece ainda mais distúrbios da visão se associado ao sono. Entre as crianças que participaram do estudo, o tempo médio de uso das telas era de 1h24 minutos por dia. Trata-se de um processo cumulativo, explica a cientista francesa, que vem fragilizar ainda mais a vista.“Em termos de desenvolvimento da visão, é óbvio que quanto mais telas usamos maior é o risco de termos que usar óculos mais tarde. Isso foi demonstrado nas crianças em idade escolar, que têm os olhos em desenvolvimento.” 

Apesar disso ainda não ter sido comprovado cientificamente, explica Sabine Plancoulaine, uma maneira de aliviar os olhos seria deixar as crianças o máximo possível ao ar livre. Essa medida teria um efeito de compensação ocular e protegeria a visão, que repousa ao olhar para longe.

A cientista francesa cita como exemplo os países asiáticos, onde o baixo nível de exposição à luz solar e o uso intenso das telas leva a taxas que podem ultrapassar os 50% de prevalência nos distúrbios de refração  Ela também recomenda aos pais que coloquem a criança para dormir cedo. “Mesmo que uma criança durma dez horas por noite, e durma muito, se ela se deita às 23h, cresce o risco dela ter que usar óculos”, afirma.A explicação seria o efeito nos olhos à maior exposição à luz artificial e uma menor impregnação ocular da luminosidade diurna.

A especialista francesa lembra que dois grupos foram recrutados para participar das pesquisas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Médicas da França (Inserm), que vão continuar nos próximos anos. Em um deles, os participantes, e seus eventuais problemas de vista, serão acompanhados até os 18 anos. A relação entre o sono e a visão será avaliada no segundo grupo, com 18 mil participantes.

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