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Saúde em dia

Covid-19 pode causar queda de cabelo meses após a contaminação

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A lista de sintomas associados à Covid-19 é longa. Desde que a epidemia começou, há três anos, diversos estudos mostraram que o vírus pode continuar agindo no organismo meses após a infecção. A queda de cabelo é apontada como uma das consequências da doença. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, ela atinge um de cada cinco pacientes que contraíram o coronavírus.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a queda de cabelo é um dos cinco sintomas mais citados pelos pacientes que contraíram o coronavírus.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a queda de cabelo é um dos cinco sintomas mais citados pelos pacientes que contraíram o coronavírus. Pixabay
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Taíssa Stivanin, da RFI

“Tivemos, dentro da pandemia, uma epidemia de queda de cabelo”, disse o médico tricologista Adriano Almeida, da Sociedade Brasileira do Cabelo, em entrevista à RFI Brasil. De acordo com ele, a perda não está relacionada à gravidade do quadro. “Muitas pessoas que tiveram Covid leve relatam que o efeito no cabelo é catastrófico.”

A doença, explica, pode gerar o eflúvio telógeno, nome técnico para a queda precoce dos fios que estão crescendo. 

“Trata-se de uma disritmia do ciclo do cabelo. Temos três fases básicas: anágena, quando o fio começa a nascer, a catágena, de permanência, e a telógena, de queda. Depois da infecção, passamos a ter um ciclo muito rápido e os fios caem pequenos, médios ou compridos, ou seja, de todos os tamanhos, ao mesmo tempo, e de uma maneira assustadora", conta. "Muitos pacientes com Covid apresentaram uma rarefação do couro cabeludo muito intensa, ou seja, perderam 30% ou 40% dos cabelos em dias, ou meses."

O sintoma atinge pacientes de todas as idades e de ambos os sexos, mas as mulheres predominam nos consultórios. Segundo o especialista, em geral, elas buscam ajuda mais rapidamente e essa reatividade facilita o tratamento. “Depois que você perde o cabelo, podem demorar meses ou anos para que ele se reconstitua. Então o tratamento e o diagnóstico precoce são muito importantes para estabilizar essa queda entre três e seis meses, que é o tempo médio para obter uma melhora”, explica.

Cabelos voltam a crescer

A queda de cabelo pós-Covid é reversível se tratada a tempo. A terapia pode combinar várias técnicas, que incluem medicação oral, como anti-inflamatórios, exames para detectar eventuais deficiências de vitaminas ou a fototerapia com laser, que oxigena os folículos capilares.

O sintoma pode aparecer muito tempo depois do paciente contrair a doença, lembra o especialista. Em média, a queda capilar começa de três a quatro meses após a convalescença.

A perda de cabelo associada ao SARS-CoV-2 é específica à doença e só pode ser constatada com a ajuda de um especialista – de preferência um tricologista. “No caso da Covid, a queda é difusa. Todo o couro cabeludo fica ralo", lembra o médico brasileiro. Além disso, a perda é aguda – o cabelo “despenca” de uma vez. O episódio costuma ser isolado e os fios não voltam a cair depois.

Essas características clínicas diferenciam a queda capilar pós-Covid da alopecia androgenética, ou calvície. Nesse caso, os fios vão caindo aos poucos e as falhas se concentram na parte frontal da cabeça.

Os especialistas da área ainda estão levantando dados para avaliar quantos pacientes contaminados pela Covid-19 tiveram o sintoma. “Nos estudos clínicos com as cerca de 30 pessoas que atendemos diariamente no consultório - o equivalente a quase mil pessoas por mês – percebemos que, em aproximadamente 25% dos pacientes que tiveram a Covid, existe uma associação com uma posterior queda de cabelo", descreve o especialista.

Ansiedade e stress

Alguns pacientes também relataram o sintoma após a vacinação, mas ainda são necessários mais estudos para porque a Covid afeta o cabelo, lembra o especialista. “Precisamos de mais tempo e para esclarecermos a questão de maneira mais científica, não somente empírica”, lembra.

O stress e a ansiedade, lembra o tricologista, são outros dois efeitos colaterais da epidemia nos cabelos. Alguns pacientes desenvolveram a alopecia areata, uma doença autoimune que pode ser desencadeada por fatores emocionais e causa falhas em formatos circulares na cabeça. Outros, já afetados pela condição, relataram piora após terem contraído a Covid ou terem vivenciado as restrições epidêmicas.

Com suas centenas de variantes, o vírus que provoca a doença ainda é recente e os mistérios que a cercam ainda vão durar muitos anos, conclui o tricologista.

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