“A Covid-19 continua sendo uma roleta russa”, diz especialista francês
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O médico do Esporte Nicolas Barizien dirige o setor de Covid Longa do Hospital Foch, em Suresnes, na região parisiense. Em entrevista à RFI, ele explicou que, apesar da pandemia estar em uma nova fase, a prevenção não deve ser deixada de lado. A melhor maneira de evitar complicações continua sendo não contrair o vírus.
Taíssa Stivanin, da RFI
Por que a Covid-19 é uma doença banal para muitas pessoas, mas pode gerar casos graves e desencadear a Covid longa em outras?
Desde o início da epidemia, no final de 2019, cientistas do mundo todo tentam responder essa pergunta. Milhares de estudos foram feitos e existem algumas pistas, mas ainda serão necessários anos, talvez décadas, para compreender as peculiaridades da doença.
Há indícios de que, em ambos os casos, exista uma predisposição genética, mas essa é uma hipótese que ainda está longe de ser comprovada, explicou o especialista francês.
“Suspeitamos que exista, entre aspas, uma fragilidade genética, mas são estudos de pesquisa fundamental, ainda não temos o resultado”, disse Barizien à reportagem da RFI, que acompanhou pacientes que sofrem de Covid longa no hospital. A França está entrando na oitava onda epidêmica, e os casos vêm aumentando desde outubro. O pico deve ser atingido em 15 de novembro.
“Como todas as doenças, o melhor é não pegar. Então eu insisto: é preciso tomar a vacina. Quem não se vacinou, deve fazê-lo porque isso é que vai proteger”, lembra. Ele ressalta que a vacina bivalente da Pfizer, que já está sendo aplicada na França, traz ainda mais esperança de controle da epidemia, já que inclui as cepas ômicron que circulam atualmente – mais contagiosas e menos virulentas.
A vacinação salvou vidas e diminuiu o número de hospitalizações e internações nas UTIs. Pacientes que se imunizaram também têm menor risco de desenvolver a Covid longa após contrair o vírus. Ainda há controvérsias, entretanto, sobre o efeito do reforço na Síndrome pós-Covid, como mostraram diversos estudos, explica o especialista.
“Há pacientes com a Covid longa que melhoram com o reforço da vacinação, mas em outros, a vacina não faz diferença. Há também aqueles que têm um agravamento dos sintomas e não há nenhuma maneira de saber, por antecipação, quem vai melhorar ou piorar com a vacina”, lamenta.
Tomar vacina antes de pegar o vírus evita a Covid longa
O especialista recomenda, para pacientes com Covid longa diagnosticada por uma equipe multidisciplinar, um exame laboratorial para medir a quantidade de anticorpos e determinar a necessidade imediata ou não do reforço. Ele lembra, entretanto, que, após o início da vacinação, há cada vez menos pacientes com Covid longa, já que pegar o vírus depois da injeção evita ter a doença.
Por isso, ele alerta para a importância do diagnóstico precoce. “Quem teve Covid e sempre está cansado, com falta de ar e sente taquicardia um mês depois da infecção, vale a pena consultar um médico, para estabelecer um diagnóstico, fazer exames complementares e se tratar rapidamente”, diz.
O efeito das múltiplas infecções no organismo ainda deve ser melhor estudado. O que pode acontecer no corpo de alguém que pega a Covid-19 várias vezes? E se o paciente já tinha a Covid longa e contrair o vírus novamente?
“É uma roleta russa. Tem gente que vai pegar o Covid pela segunda vez e ter dois ou três dias de febre e voltar ao mesmo estado de antes, sem piorar. Mas em alguns pacientes, essa nova contaminação vai desencadear um novo ciclo com sintomas piores, durante vários meses. Tudo depende”, resume.
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